History Horror The Lend Urban

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30/05/2017

Madrugada Do Pesadelo Contos De Terror

Madrugada Do Pesadelo


Era noite. O Sol já havia sido substituído pela escuridão da noite. Jorge, um rapaz de seus 25 anos, barba feita, cabelo baixo, alto e esguio estava caminhando pelo interior da rodoviária da pequena Ieginópolis, falando ao celular, com uma mochila presa em seu ombro direito e usando terno e gravata.
- Não, mãe, já falei. Vou chegar aí por volta das 4, 5 horas. – uma pequena pausa – Sim. A audiência acabou só agora a noite. Não tenho culpa. – outra pequena pausa – Não, mãe, o ônibus tem ar-condicionado. – terceira pausa – Tem uma pausa em Bom Jesus do Despacho. Mas o ônibus tem banheiro e estou levando bastante lanche. Até lá tem só Almeida Resende e Virago, depois é umas 2, 3 horas direto só de mato, até Bom Jesus. Depois de Bom Jesus tem mais cidades até a capital. – quarta pausa – Sim, sim. Por causa da floresta. Por isso não tem cidades entre Virago e Bom Jesus. – o rapaz chega ao lado de um ônibus intermunicipal de dois andares, onde se encontravam duas pessoas igualmente uniformizadas. – Cheguei no ônibus, mãe. Vou desligar. Beijos. Quando chegar na capital, te dou um toque. Boa noite. Beijos.
Jorge desencostou o celular do ouvido, desligou a chamada e o colocou no bolso frontal direito. Após, retirou do interior do paletó uma passagem e o encontrou ao mais baixo dos uniformizados, que a recebeu, conferiu, rasgou ao meio e o devolveu. Por fim, o rapaz adentrou no interior do ônibus, que se encontrava parcialmente vazio, procurou sua poltrona e assentou no banco mais próximo da janela. Na outra, deixou seu paletó e a mochila. Por fim, retirou a gravata, desabatoou os dois primeiros botões e a guardou dentro da mochila, junto do paletó.
- Finalmente... livre. – disse, para si mesmo. Colocou o cinto e se acomodou no local.
Dois ou três minutos depois, os dois uniformizados adentraram no interior do ônibus. Um deles foi para o volante, enquanto o outro ficou ao seu lado, de pé.
- Está vazio hoje. – disse o de pé. De fato, tinham apenas 9 passageiros, considerando Jorge. Alguns segundos depois, o ônibus partiu do interior da rodoviária.
A viagem era demorada. Era pouco mais de 9 horas da noite e Jorge só chegaria à capital por volta de 4 ou 5 horas da manhã. Conforme os dizeres do rapaz com sua mãe, primeiramente a estrada cortaria várias cidades vizinhas à cidade de Jorge, até chegar em Virago, onde atravessaria uma densa floresta que divide a cidade de Bom Jesus do Despacho, distante 2 horas e meia de carro de Virago. Lá é perto da Região Metropolitana da capital, sendo que a cidade mais próxima da região metropolitana ficava a 25 minutos de Bom Jesus.
Sabendo da distância e da demora da viagem, Jorge se arrumou no banco, tentando ficar o mais confortável possível. Após, ligou a luz individual interna do veículo e postou um livro entreaberto à sua frente, enquanto colocava fones de ouvido.
O ônibus já se encontrava saindo do interior da cidade, quando o cobrador adentrou no corredor solicitando as passagens dos nove passageiros. Jorge rapidamente percebeu que o ônibus se encontrava realmente bem vazio – à frente, sentados logo atrás do motorista, havia um casal de idosos; ao seu lado, em um dos bancos à direita, um homem de seus quarenta e poucos anos; mais para o meio do ônibus, outro casal, agora de jovens, um rapaz solitário, uma mulher de certa idade carregada de sacolas, que vira e mexe caíam por causa do sacolejo do ônibus, Jorge e uma bela morena de pernas estonteantes sentada na outra janela da mesma fileira de bancos que o rapaz.
Tão logo percebeu a existência da bela moça, Jorge ficou encantado. A moça tinha seus vinte e poucos anos, pele bronzeada pelo Sol, uma belíssima cor de chocolate e um belíssimo cabelo preto, que ultrapassava a omoplata da jovem. Jorge se pegou olhando para a moça durante longos segundos, até que a mesma percebeu e este desviou o olhar. Ele não reparou, mas ela deixou escapar um sorrisinho.
Neste instante, apareceu no corredor entre os bancos o cobrador, solicitando a Jorge – e depois a moça – a passagem. Após a entrega por parte de ambos, o cobrador desobstruiu o corredor, voltando à frente do veículo. Neste instante, Jorge percebeu que a moça se encontrava sentada no lado do corredor.
- Olá. – ela disse, com um belo sorriso no rosto. A atitude da garota surpreendeu Jorge, que não esperava. Seu coração disparou no peito.
- Oi. – disse, timidamente, embora não fosse.
- Está lendo que livro?
- "Asylum" – disse, mostrando a capa do referido livro à moça
- Não conheço. Parece de terror.
- É sim. É uma história de um rapaz que vai estudar em uma escola situada em um antigo sanatório desativado.
- Credo. Obrigada. Não gosto muito de histórias de terror. E você tem coragem de ler uma história dessas viajando a noite no meio da estrada? – disse a moça, rindo ao final
Jorge riu.
- Nessa hora, já pretendo estar no décimo sono.
A moça retribuiu o riso. Jorge mexeu no interior de sua mochila e retirou de lá um saco de papel dentro de uma sacola plástica. Abriu-a e ofereceu à moça.
- Aceita.
- O que é?
- Pão de queijo.
- Por que é que mineiro só oferece pão de queijo? – perguntou a garota, rindo, enquanto retirava do interior do saco um enorme pão de queijo
Jorge riu.
- E tem coisa mais gostosa que pão de queijo? Tá pra nascer. – disse o rapaz, descendo transparecer seu sotaque típico – E você é daonde?
- Niterói.
- Nossa, e o que está fazendo tão longe da sua terra?
- Estava visitando alguns parentes meus que mora aqui em São Carlos. Agora estou indo para a capital pegar o voo para o Rio de Janeiro.
- Entendi.
- E você? O que está fazendo todo engomadinho, de terno e gravata?
Ele riu. Olhou para si mesmo e percebeu sua roupa toda desengonçada.
- Estava em uma audiência aqui em São Carlos.
- Audiência?! – ela riu. – Não é muito novo para ser advogado, não?
Foi a vez de Jorge rir.
- Já me falaram isso. Mas não sou tão novo quanto pareço não.
Ela riu. O assunto, em seguida, encerrou-se por completo.
Passaram-se algumas horas. Era madrugada e todos já estavam dormindo, incluindo Jorge. As luzes do ônibus estavam apagadas e somente o motorista e o cobrador se encontravam acordados, conversando na cabine frontal do ônibus. O veículo estava em alta velocidade, haja vista estar em uma gigantesca reta e a estrada estava completamente vazia. Alguns segundos depois, o ônibus diminui a velocidade para entrar em uma aberta curva para a direita. Repentinamente, para surpresa da dupla de profissionais, eis que surgem duas capivaras na pista, bem na curva, atravessando o pasto em direção ao barranco à esquerda. O motorista, surpreso, freia o ônibus com toda força, acordando – e assustando – os passageiros e o vira, de inopino, à esquerda. Este acaba descendo o barranco, capotando ao bater em uma árvore.
Os passageiros começam a ficar assustados e a gritar. Jorge segurou sua mochila e a grudou consigo, no peito. Em seguida, colocou os pés sobre o banco e colocou a cabeça no meio de suas pernas. Percebeu, em seguida, que a moça fez o mesmo.
O ônibus continuou capotando durante alguns segundos, inclusive batendo nas beiradas contra duas árvores, até parar no final do barranco, deitado. O interior da mente de Jorge continuava chacoalhando e parecia que o mundo continuava rodando. Entretanto, sabia que não podia continuar por muito tempo no interior do veículo. Retirou o cinto e se levantou, sobre o que sobrou das janelas do lado direito. Pegou sua mochila e foi ajudar a moça a retirar o cinto, que estava preso. Após, ajudou-a a se levantar e caminharam pelo local. Alguns dos passageiros já se encontravam evadindo do local.
- Parece que foi um estrago feio. – disse a moça, sendo auxiliada por Jorge
- Verdade, moça. – respondeu Jorge, preocupado, olhando para onde pisava, já que visualizou marcas de sangue no chão
- Pode me chamar de Rebeca.
- Rebeca. Não vou esquecer.
- E qual o nome do rapaz que segura a minha mão?
Neste instante, Jorge percebeu o quão quente era a mão de Rebeca e enrubesceu.
- J...Jorge.
Rebeca ri.
- Vejo que o tal rapaz é um pouco tímido.
Foi a gota d´água para Jorge ficar vermelho igual um tomate, tamanha a vergonha. O que mais lhe estranhava era que não era tímido – era até bem extrovertido, e não tinha vergonha alguma com mulheres.
Jorge adentrou no interior da cabine frontal do ônibus, onde se sobressaltou. Ao perceber o sobressalto do rapaz, Rebeca perguntou:
- O que foi?
- Acho melhor não olhar pra cá. – disse, apontando com a cabeça para o lado do motorista. E assim o fez. Jorge auxiliou Rebeca a descer do interior do ônibus, sem que esta visse grandes galhos de árvore atravessando o vidro esquerdo do local e fincando no corpo imóvel do motorista em vários pontos de seu corpo.
Todavia, Jorge, de uma forma ou de outra, não evitou que Rebeca visse uma cena horrenda. Do lado de fora, quatro dos demais passageiros se encontravam em choque, rodeados do que sobrou dos corpos do casal de idosos – que se encontravam esmigalhados e espatifados barranco abaixo - e do cobrador – que aparentemente voou pelo vidro da janela e foi descendo barranco abaixo batendo nas árvores até quebrar boa parte do seu corpo. Provavelmente não estavam usando cinto de segurança, o que lhe fizeram ser arremessados para fora do veículo. O homem que se encontrava ao lado do casal de idosos não se encontrava no local, nem ele nem o seu corpo.
Tão logo viu a cena, Rebeca tampou os olhos, horrorizada. Jorge, em seguida, lhe amparou.
- E o que faremos daqui em diante? – perguntou o rapaz solitário.
Jorge olhou para cima. Percebeu que o barranco era demasiadamente alto. Em seguida, olhou ao seu redor. Estavam em um local com pouca mata na beirada de um gigantesco rio ao fundo.
- Acredito que esse deva ser o Rio Albuiú. Se seguirmos, devemos dar em Lafon ou Bom Jesus. – disse Jorge
- Acredita que é seguro? – perguntou o outro rapaz
Jorge deu de ombros.
- Parece que não temos outro jeito. Não sei onde estamos exatamente e já faz bastante tempo que saímos de Virago, então acredito que Bom Jesus esteja mais perto. Como é beirada de rio, acredito ser mais seguro que caminhando floresta adentro.
- Então... – disse o rapaz, se levantando – Vamos seguir o rapaz de terno.
- Jorge. Pode me chamar de Jorge. – disse o rapaz.
- Bernardo. – apresentou o rapaz.
- Rebeca.
- Maria Rita, mas podem me chamar de Rita. – disse a senhora das sacolas, que se encontrava com todas consigo
- Maique. – disse o jovem do casal
- Maísa.
- Maique e Maísa. É casal ou dupla sertaneja? – brincou Bernardo, fazendo os demais, com exceção do casal, rirem.
- Bom, então já que a chamada foi feita, vamos embora, que não quero virar banquete de tubarão.
- Ai, meu Deus. – disse Rita, amedrontada. – Tem tubarão na região?
Todos se viraram incrédulos para ela.
O grupo caminhava pelo interior da floresta que beirava o rio. Aos poucos, o rio foi se distanciando do barranco que delimitava a estrada, além de ir tomando as suas margens, obrigando o sexteto a adentrar no interior da floresta. Rita não gostou muito da situação, pois estava completamente amedrontada. Os demais queriam apenas chegar aos seus destinos o quanto antes.
Bernardo, Maique, Jorge e Rebeca utilizavam seus aparelhos celulares como lanternas, para iluminarem seus caminhos. Tentaram por diversas vezes ligarem para parentes, amigos, para a companhia de ônibus e, claro, para o serviço de emergência, mas não estavam funcionando. Duas das quatro operadoras se encontravam inoperantes desde o cair da tarde, e as duas demais não haviam sinal na região, por causa da estrada.
- Será que não é perigoso adentrarmos floresta adentro? – perguntou Maique, visivelmente amedrontado. Maisa, sua namorada, se encontrava na mesma situação
- É sim, mas é só não distanciarmos o bastante do rio. – disse Jorge.
- Verdade. – disse Bernardo – Vamos prestando atenção no barulho do rio.
- Não era melhor termos ficado no local do acidente, esperando o resgate? Com certeza, sentirão nossa falta em Bom Jesus e mandarão uma equipe de resgate para nos salvar. – perguntou Rita
- Não sabemos quanto tempo isso demorará. Você sabe como o serviço da companhia é precário. Já aconteceu de ficar mais de cinco, seis horas parados na estrada quando um ônibus quebrou, mesmo próximo de uma cidade, porque a garagem da companhia é só na capital. Tivemos que esperar o veículo da companhia chegar para nos buscarmos. – explicou Jorge. – Certamente ficaríamos lá até metade de amanhã sem qualquer resposta por parte da companhia. Até para chamar a Polícia, é devagar quase parando.
Rita engoliu em seco. Continuou caminhando com suas intermináveis sacolas, mesmo a contragosto.
O grupo continuou caminhando floresta adentro, sem grandes perigos - somente uma aranha que desceu no ombro de Maisa e seus gritos quase fizeram os demais enfartarem. Bernardo e Maique auxiliaram a garota a retirar a aranha de cima de si mesma e verificaram que a mesma não a picou.
- Mocinha. Você quase me mata do coração. – disse Rita, ofegante, com a mão no coração – Eu sou diabética e hipertensa. Não posso levar esse tipo de susto.
- O mais surpreendente é saber que ela fala... achei que ela fosse muda... – cochichou Jorge, consigo mesmo, ainda recuperando do susto. Rebeca estava ao seu lado, ouviu e riu timidamente, sem chamar a atenção dos demais.
O sexteto continuou sua caminhada. Após alguns minutos, avistaram uma pequena cabana próxima ao rio e fora da floresta.
- Olha, que bom. Uma cabana para nós descansarmos. – disse Rita, efusiva
- Calma. Não sabemos se há algum morador. – disse Bernardo, mais cauteloso
O sexteto caminhou cautelosamente em direção à pequena cabana. Ao chegar defronte à cabana, Jorge e Rebeca olharam ao redor, enquanto Bernardo e Maique ficaram na porta. Bateram no local e chamaram por algum morador. Ninguém respondeu.
Bernardo girou a maçaneta da porta principal e a mesma abriu, revelando uma pequena residência com uma pequena sala mobiliada frontal. Havia sujeiras no local resultantes de lama no carpete e nos sofás, além de comida espalhada, mas não possuía teias de aranha ou poeira – embora o número de insetos voadores chegava a incomodar. Bernardo testa o interruptor do local, mas a luz da cabana não ligou. Em seguida, começou a adentrar pelo interior da cabana. Jorge lhe interceptou, perguntando:
- Tem certeza? Deve ter algum morador por aqui.
- Esperamos que não. – respondeu o outro
Bernardo e Jorge adentraram no interior da sala da pequena cabana, jogando os feixes de luz das lanternas de seus celulares em todos os cantos possíveis. Atrás deles, vieram os demais, cautelosos. À direita da sala, havia uma porta que dava a um pequeno e fedido banheiro. Já ao fundo, havia uma porta.
- Vocês têm certeza que realmente devíamos invadir a casa alheia? – perguntou Rita, com medo
- Pode ser que o morador nos auxilie a sair dessa floresta, nos dê alguma dica. Há produtos industrializados aqui dentro, então significa que ele vai a algum local adquiri-los. E neste local poderíamos pedir ajuda para chegar à capital. – explicou Jorge.
- Além do mais, se explicarmos nossa situação, não acredito que ele ficará com raiva de nós. – continuou Bernardo
Ao ultrapassarem a porta, o grupo visualizou um pequeno corredor à esquerda, que desembocava em uma porta fechada. À direita deste corredor, um par de porta.
- Que cheiro ruim é esse?! – perguntou Rebeca, enojada.
Jorge retira com a mão algumas moscas que estavam rodeando seu rosto.
- Realmente parece ter um cheiro ruim. E o número de moscas está cada vez maior.
Bernardo abriu a primeira porta. Sobressaltou e fechou, com toda força. O barulho ecoou pelo local. A ação do rapaz assustou os demais.
- O que aconteceu? – perguntou Jorge, percebendo o rosto de assustado de Bernardo
- Descobri a origem do cheiro forte. – disse o rapaz
- E do que se trata? – perguntou Jorge, virando-se para a porta. Tentou girar a maçaneta, mas percebeu que Bernardo ainda a segurava. Virou-se para ele: - Pode soltar.
- Tem certeza?
- Sim.
- OK. Não me responsabilizo. – disse, afastando-se da porta, dando lugar a Maique e Maisa.
Jorge abriu a porta. Um forte cheiro de decomposição adentrou no local. Todos rapidamente passaram mal. Maisa e Rita saíram correndo em direção à saída, com forte vontade de vomitar. Jorge percebeu, naquele instante, que havia um corpo sobre a cama, de bruços, em estado de decomposição. Estava de roupas e a luminosidade só permitia visualizar da virilha para baixo.
O rapaz rapidamente fechou a porta, cortando o cheiro.
- Eu te falei. – disse Bernardo
- Quem será ele? – perguntou Maique
- Provavelmente, o dono da cabana. Por isso que ela estava vazia. – disse Jorge
- E do que será que ele morreu? – perguntou Rebeca
- Não sei. Talvez infarte fulminante.
- Mas parece que a comida na sala é mais recente que o corpo. – disse Maique
Jorge ergueu a sobrancelha.
Apesar da advertência de Maique, Rita, Maisa e Bernardo solicitaram descansar durante algum tempo, já que estavam bastante exaustos. Rita já foi logo ocupando o quarto ao lado do cadáver, encostando a porta e dormindo pesadamente no local – ainda que os demais tenham pedido para ninguém dormir, já que não queriam esperar até o raiar do dia para continuar procurando por ajuda. Maisa e Bernardo descansavam no sofá da sala, a primeira deitada sobre a coxa do namorado. Jorge e Rebeca dividiam uma poltrona de dois lugares e estavam apertados no local. Ambos e Maique estavam com os celulares ligados com lanterna próximos, iluminando o local.
- Então... está com sono? – perguntou Jorge
- Até que não. Tenho costume de dormir pouco. – disse Rebeca – E você?
Jorge esticou o corpo.
- Com preguiça.
Rebeca ri.
- Você é engraçado. – disse – E você me disse que estava indo pra capital fazer uma audiência?
- Na realidade, estava voltando de uma audiência em São Carlos. Eu moro na capital, na realidade, então estava voltando pra casa.
- Ah, sim. Isso mesmo. – Você tinha comentado mesmo no ônibus. – disse a garota – E você mora com seus pais lá?
- Só minha mãe na realidade.
- Sem irmãos?
- Isso.
- Nossa, se sua mãe souber, então, que você está no meio do mato perdido, tentando achar o rumo de casa...
- Ela infarta. – ele completou. E ambos riram.
- E você, mora com seus pais na capital?
- Sim, sim. Ainda não consegui largar deles.
Jorge ri.
- Você faz o que por lá?
- Tenho uma loja de roupas na Santo Ângelo.
- Santo Ângelo? – perguntou Jorge, surpreso – Olha. Eu moro em Santa Clara. Praticamente do lado.
- Verdade. Qualquer dia, me visita lá.
- Pode deixar.
Rebeca, em seguida, apoia a cabeça sobre o ombro de Jorge.
- Achei que estava sem sono. – brincou
Rebeca ri, sem nada responder. Em seguida, respira fundo e diz:
- Seu cheiro é bom. – e cheira o pescoço de Jorge, fazendo subir uma boa emoção espinha acima. Em seguida, ela dá uma leve mordida no local, fazendo novamente subir uma boa emoção espinha acima e obrigando Jorge a rapidamente cruzar as pernas para não passar vergonha. Ela cochicha no ouvido do rapaz: - Você sabia que fico doida de homens bonitos de terno? – Jorge se enrubesce em seguida, ficando da cor de um tomate
Enquanto isso, Maique diz para Maisa que irá ao banheiro e levanta do sofá, trocando o colo por uma almofada. Utiliza o banheiro e, na volta, visualiza um jornal, novo, sobre a mesa. Joga o feixe de luz do celular sobre o local, iluminando o suficiente para ler a manchete principal, que era:
"NICK 'VIRAGO' VOLTA A AMEDRONTAR POPULAÇÃO"
- Nick Virago?! – se perguntou Maique, para si mesmo. Tentou se lembrar de algo: "Esse nome não é estranho", pensou. Retirou o jornal de cima da mesa e passou a ler a reportagem, que dizia:
"Nick 'Virago' volta a amedrontar população de pequena cidade do interior do Estado. Desde o começo da semana, 7 pessoas já desapareceram em circunstâncias misteriosas em Virago e região." – "eu lembro quando falaram desses desaparecimentos", pensou Maique – "A Polícia Militar da região acredita ser um novo ataque sistemático de Nick 'Virago', um maníaco obcecado por sangue que amedrontou a população da cidade no final da década de 80 e começo da década de 90, quando finalmente foi preso em uma pequena cabana perto do Rio Albuiú. Atualmente, Nick 'Virago' foi transferido para o regime semiaberto após cumprir 23 anos dos 62 anos e 6 meses de prisão que recebeu em seu julgamento em 1997, já estando preso desde que foi capturado em 1993.
[...]"
- Cabana... perto do Rio Albuiú?! – se perguntou, Maique. O restante da reportagem, Maique apenas leu, sem ter dado nenhuma atenção. Sua cabeça ainda estava digerindo essa frase. Repentinamente, lembra-se de algo e ergue a sobrancelha. Lembrou-se de Jorge falando que o grupo se encontrava às margens do Rio Albuíu. – Meu Deus.
Repentinamente, eis que um grito ecoa por todos os cantos, fazendo o grupo se levantar em um só pulo.
- Ai, meu Deus. Rita. – gritou Jorge. Este e os demais saíram correndo tropeçando. Atravessaram a cabana a toda velocidade e Jorge abriu a porta a toda velocidade. Neste instante, ainda com a mão sobre a maçaneta, estagnou. Os demais chegaram atrás dele e igualmente estagnaram.
Rita se encontrava inerte sobre a cama, com as pernas e braços paradas próximos ao corpo. Sua cabeça estava afundada sobre a cama, se transformando em um pequeno pedaço de massa encefálica. O tampo superior estava destruído e de lá vazava grandes quantidades de sangue e massa encefálica, que inundavam a colcha. Ao lado de Rita, em pé, havia um homem robusto, de seus 1,80 metros de altura, com uma roupa preta de palhaço, um malicioso sorriso desenhado no rosto pintado, uma peruca colorida no cabelo e uma marreta enorme suja de sangue em mãos.
- Olá, amiguinhos. – disse o palhaço, rindo
- Puta que pariu. Correm. – gritou Bernardo, virando-se de costas e empurrando todo mundo que estava pela frente. Os demais saem correndo, em completo desespero. Jorge ainda ficou paralisado durante alguns segundos, mas, ao perceber o assassino vindo em sua direção, fecha a porta correndo e se distancia do local. Atravessa o local logo atrás de todo mundo, pula algo que estava caído no chão e sai correndo. Ao passar pela sala, ainda escuta alguém pedindo socorro, mas não importa. Encontra-se com o restante fugindo da residência e junta-se a eles.
Ele não havia percebido, mas havia saltado sobre Maisa, que havia sido derrubada sem querer por Bernardo e abandonado pelos demais, que, devido à escuridão, não conseguiram enxergar sua ausência. Maisa ainda tentava se levantar no chão da cabana, quando o assassino ainda o encontrou. Este a levantou por trás, segurando-a pela roupa e pelo cabelo.
- Ai, meu Deus. Socorro. Me solta. Me solta. – gritou a garota, enquanto se debatia. O assassino saiu do local com ela em mãos e adentrou no corredor, atravessando-o e adentrando a uma cozinha aparentemente vazia. Havia apenas uma pequena pia, um fogão, uma geladeira e alguns ganchos dependurados na parede. Lá tinha dois corpos já em estado avançado de decomposição, dependurados pelo queixo.
- Não, não, não. – começou a debater com mais veemência Maisa. Mas não teve jeito. O assassino a colocou no gancho, que enfiou no queixo e saiu no interior da boca. A garota ainda tentou se soltar enquanto a sua vida ia se esvaindo pouco a pouco de seu corpo.
Maique, Jorge, Rebeca e Bernardo já se encontravam distantes o suficiente da cabana, floresta adentro.
- Ai, meu Deus. Minha bolsa. Eu deixei minha bolsa dentro da cabana. – disse Rebeca, assustada
- Pelo menos estamos com nossos celulares. – disse Jorge, ofegante – Eu também acabei esquecendo da minha mochila.
- O que aconteceu lá? Quem era aquele maluco? – perguntou Bernardo
- Coitada da Rita. – disse Rebeca
- Eu vi um jornal escrito "Nick 'Virago' volta a amedrontar a população". – disse Maique – Na cabana. – continuou – De um serial-killer que está sendo acusado de ser responsável por uns desaparecimentos em Virago.
- Ai, meu Deus. – disse Rebeca. – Quer dizer que tem um serial-killer na região? – começou a chorar
- Gente, cadê a Maisa? – perguntou Maique, preocupado. Os demais percebem a fala do rapaz e olham na região. Realmente Maisa não se encontrava próxima. – Ai, meu Deus. Maisa! – começou a gritar
Jorge o interrompeu.
- Fala baixo, que o serial-killer pode estar por perto. A Maisa com certeza fugiu. Eu não vi ninguém dentro da cabana e fui o último a sair. E ela está sozinha. Então gritar pode alertar o serial-killer que ela está sozinha ou que nós estamos aqui. Vamos. Precisamos continuar nossa caminhada pra encontrarmos com a Maisa na cidade mais próxima.
O grupo começou a correr para o interior da floresta. A corrida atravessava a fixação da lanterna do celular – única fonte de luz -, o que acabava por fazer, vez ou outra, fazer com que o grupo não enxergava o caminho, se atrapalhasse com arbustos e galhos no chão, não visualizassem um galho no alto, dentre outros. Além disso, eles começaram a perceber um barulho de mato logo atrás deles, o que indicava algum outro ser próximo do local. Contudo, eles escutam uma risada ecoando por todo o local.
- Cadê vocês? – perguntou o dono da risada, com voz idêntica a do serial-killer.
- Vamos. Por aqui. – disse Jorge, abaixando-se para passar debaixo de um galho, com a entrada praticamente tampada pelo mato. Segurou a mão de Rebeca e a levou consigo. Bernardo percebeu a ação do casal e logo adentrou pelo mesmo local. Maique estava olhando para trás, a fim de encontrar a posição do palhaço e acabou não vendo onde o casal e Bernardo adentraram e acabou passando adiante.
Deu alguns passos e percebeu não se encontrar mais próximo do trio. Olhou ao seu redor e começou a entrar em desespero:
- Jorge. Rebeca. Bernardo. Cadê vocês?
Enquanto isso, Jorge, Rebeca e Bernardo se distanciavam do local onde outrora se encontravam ainda abaixados, haja vista a significativa quantidade de galhos à sua cabeça. Andaram assim alguns segundos, até o instante em que puderam levantar. Neste instante, perceberam que Maique não se encontravam com eles.
- Maique. Maique. – chamava Jorge, tentando não chamar a atenção de pessoas indesejadas.
Maique continuava caminhando pelo interior da floresta, enquanto procuravam pelos demais. De repente, sem que percebesse, alguém apareceu às suas costas. Escutou um barulho de algo sendo pisoteado a alguns centímetros atrás de si e virou-se de costas, completamente amedrontado. Percebeu ser Nick 'Virago' e sobressaltou-se.
- Achei ummmm! – disse o palhaço assassino, em tom de deboche. O rapaz tenta se distanciar, porém o serial-killer foi mais rápido. Em poucos segundos, segurou Maique pela gola e o jogou no chão. O rapaz bateu com os joelhos no solo e sentiu uma pungente dor no local. Ele grita, tamanha a dor. Após, grita por clemência; porém, não obteve êxito. Nick 'Virago' rapidamente levanta um facão e o abaixa em direção ao pescoço de Maique, arrancando a cabeça do rapaz e fazendo espirrar sangue, antes de cabeça e corpo do rapaz caírem no solo, sem vida.
Jorge, Rebeca e Bernardo caminhavam pelo local à procura de Maique quando escutam seu grito de clemência, segundo antes de um estrondo de algo bem pesado cair no solo.
- Vamos, vamos, vamos. – disse Jorge
- Puta que pariu. Ele pegou o Maique. – disse Bernardo, irritado
Enquanto isso, Nick 'Virago' estava defronte ao corpo de Maique limpando o facão na própria roupa, quando ouviu os gritos e passos apressados do trio remanescente. Olhou em direção aos barulhos e sorriu.
- Achei vocêêêês!
Alguns minutos depois, o grupo vislumbra a rodovia passando ao longe, onde também havia uma ponte que atravessava o rio Albuiú e algumas residências na beirada da rodovia. Naquele local, a floresta era menos densa e havia um descampado entre o local onde se encontravam e a rodovia.
- Vamos. Precisamos nos esconder. – disse Jorge, para os demais. Continuaram correndo a toda velocidade até chegarem perto das residências. Quando já se encontravam próximos, escutam Nick 'Virago' saindo do interior da floresta com sua roupa parcialmente suja de sangue e cantarolando, feliz:
- Estoou vendo vocêêêêês!
- Correm, correm! – gritou Jorge, acelerando os passos. Rebeca e Bernardo os copiaram. Esconderam-se atrás da residência mais próxima e saíram em disparada casa a casa esmurrando as portas e chamando por socorro.
As portas estavam trancadas, o que obrigava o trio a esmurrarem a porta e a gritarem por socorro. Sabiam que isso poderia atrair a atenção do serial-killer, mas sabiam ao mesmo tempo que o mesmo estava ao seu encalço e já o tinham visto.
- Merda. Merda. Merda. – dizia Bernardo, desesperado, batendo na porta e nas janelas de uma residência. – Ninguém atende.
- OI! – gritou Jorge, entre uma residência e outra, afastado de Bernardo. – Ajudem-nos. – disse. Rebeca estava andando logo atrás de Jorge, esmurrando as janelas e porta das residências.
- Que merda. Que merda. – disse Bernardo, já bastante afastado de Jorge e Rebeca, em outra das residências. – Cadê essas pessoas?
Jorge parou frontalmente a uma pequena residência qualquer e começou a jogar o próprio corpo contra a porta, tentando abri-la; entretanto, não conseguiu êxito. Sentiu uma dor pungente subindo pelo ombro esquerdo.
- Nos filmes era mais fácil.
- Deixa eu te ajudar. – disse Rebeca. Postou o corpo para trás, esticou a perna, esperou alguns segundos e desferiu um violento chute na maçaneta da porta. Não abriu por completo, mas pôde ouvir o trinco cair do outro lado. – Sua vez.
- Obrigado. – disse Jorge. Avançou sobre a porta e, com o ombro, a abriu, caindo no interior da residência.
- Está tudo bem? – perguntou Rebeca, auxiliando Jorge a se levantar.
- Sim, sim. Ve... – dizia Jorge, já de pé, sendo interrompido por um estrondo.
- Cadê essas pessoas? – se perguntou, em desespero, enquanto tentava abrir a porta de uma das residências.
- Buuu! – disse alguém, com voz conhecida, no cangote de Bernardo. Este se arrepiou ao invés aquela voz a apenas alguns centímetros de seu ouvido. Seu corpo instantaneamente estremeceu e travou. Tentando vencer o medo que controlava o seu medo, tentou virar para trás; todavia, Nick 'Virago' foi mais rápido e lhe desferiu um violento soco em sua nuca, jogando-o com toda força de costas na parede ao lado da porta. Com a batida, machucou violentamente o nariz, sangrando.
O serial-killer segurou a gola traseira da camisa de Bernardo, prensando-o contra a parede. Este olhou para trás e gritou por Jorge e Rebeca, mas estes estavam ocupados abrindo uma porta do outro lado, e não escutaram seus chamados por causa dos barulhos que emanavam.
- M.... Merd... – disse o rapaz.
Nick desfere um potente soco na nuca de Bernardo, fazendo a cabeça do rapaz ser prensada contra a parede. Sentiu uma potente dor vertendo da nuca e começou a perder o equilíbrio. O serial-killer desfere mais dois potentes socos, causando um imenso estrondo, que ecoa pelo local. Bernardo começa a perder a consciência e começa a cair em direção ao chão.
- Opa... cai não. – disse o psicopata. Ergueu o rapaz, impossibilitando-o de cair no solo. Com a outra mão, sacou o mesmo facão que matou Maique da cintura e fincou na nuca de Bernardo, saindo do outro lado. O rapaz solta uns balbucios e depois perde a consciência. Nick retira o facão e o guarda.
- Sim, sim. Ve... – dizia Jorge, já de pé, sendo interrompido por um estrondo.
Neste instante, ele e Rebeca visualizam Nick 'Virago' segurando Bernardo contra a parede de uma residência distante da deles.
- Puta merda. O maníaco pegou o Bernardo. – disse Jorge.
- E o que faremos agora? – perguntou Rebeca, amedrontada
- Vamos. Vamos nos esconder. – disse o rapaz. Puxou Rebeca para o interior da residência, desembocando em uma pequena sala mobiliada.
- E a porta? – perguntou Rebeca, sendo puxada por Jorge para o interior da casa.
Jorge largou Rebeca e, com a ajuda desta, colocou a porta no local, pouco deslocada por causa da ausência do trinco. Em seguida, ambos correram para o interior da residência. Sabiam que, mais cedo ou mais tarde, Nick os procuraria dentro da casa. Era necessário um plano.
O rapaz rapidamente ligou a lanterna de seu celular – e evitou que Rebeca fizesse o mesmo, para ter a menor quantidade de luz no interior do local – e conheceu o local. A residência era parecida com a cabana de Nick – dois quartos, sala, cozinha e banheiro.
- Cadê todo mundo?
- Provavelmente devem ter sido vítimas do Nick. Aqui é muito perto da cabana dele. – explicou, enquanto adentrou em direção a um dos quartos, sendo seguida por Rebeca.
- Onde esconderemos? – perguntou Rebeca, o mais baixo possível
Jorge deu de ombros. Olhou ao redor e correu em direção à janela. Abriu-a, para surpresa de Rebeca. Em seguida, voltou, em direção à cama.
- Venha. – ele disse
- Por que a janela aberta?
- Ele vai imaginar que fugimos por ela. Isso o despistará. Só precisamos esconder até lá. – explicou o rapaz, ao lado da cama. Em seguida, levantou o colchão da cama e deitou sobre o estrado. Rebeca o copiou. Em seguida, o rapaz desligou a luz do celular, inundando a todos em escuridão parcial – não total, por causa da janela aberta.
- Tem certeza que isso dará certo?
- Essa cama é especial. Tem um grande espaço entre o estrado e o colchão. Se não nos mexermos, o colchão não se levanta e se não colocarmos muito peso, o estrado não quebra.
- Você fala como se isso fosse fácil. – disse Rebeca, tentando se erguer parada no local.
- Se precisar, eu te ajudo. – disse Jorge, sereno, segurando a mão de Rebeca. Ela olhou para o rapaz e o encarou a poucos centímetros de distância de seu rosto. Em seguida, sem nada falar, deu um beijo nos lábios do rapaz. Este se pegou até fechando o olho e apreciando o momento... até que a porta da frente da residência cai em um só baque no chão e o ambiente é invadido pela voz medonha de Nick 'Virago'.
- Cadêêêê vocês?! – perguntou o palhaço, em tom assustador
Jorge e Rebeca estremeceram no mesmo instante e congelaram. Nick estava lá! O casal escutou os passos do serial-killer na madeira invadirem o silêncio absoluto. Nick andava calmamente pelo local e vasculhou por toda a casa.
- Eu sei que vocês entraram aqui. Não precisam se esconder.
O silêncio continuou reinando no ambiente. Somente os passos do serial-killer pela residência eram escutados. Um passo atrás do outro... Nick abre uma porta entreaberta, do quarto vizinho. Adentrou no local e foi caminhando pelo quarto. Repentinamente, Rebeca e Jorge escutam o barulho de uma porta sendo aberta.
- Ele está vasculhando! – disse Rebeca, desesperada.
- Shhhh! – disse Jorge, em igual desespero. – Fala baixo. – disse, quase murmurando.
- Barulho. – disse Nick – De onde veio esse barulho? – perguntou, para si mesmo. Caminhou em direção à saída do quarto e voltou para a sala. Virou em direção ao outro quarto e abriu a porta. Neste momento, Jorge e Rebeca congelaram por completo. Não podiam fazer um mínimo barulho qualquer, pois o serial-killer estava a apenas alguns centímetros de distância!
- Ora, uma janela aberta. Será que eles fugiram? – se perguntou novamente. – Barulho... – voltou a dizer – Barulho, cadê você?
O serial-killer adentra no interior do quarto, caminhando pé ante pé, vagarosamente.
- Deixa eu mostrar meu novo brinquedo. – disse o palhaço. Nick passa ao lado da cama. Jorge e Rebeca congelam por completo e engolem em seco. A testa do rapaz era suor puro e descia rosto abaixo. Desde o começo da caçada, sentia muito calor, por causa das vestimentas – ainda estava de social - e da correria. Agora, por causa da situação e da tensão, era natural estar sentindo mais calor que antes.
O serial-killer caminha pelo interior do quarto.
- Querem brincar de pique-esconde? Pois bem. Está comigo. Se eu achá-los, tenho o direito de brincar com vocês. – disse, em tom de felicidade, caminhando até o guardarroupa. – Será que estão aqui? – perguntou. Abriu a porta. Havia algumas roupas, mas nada de mais. Fechou. Voltou a caminhar pelo quarto.
Nick caminhou em direção a um pequeno baú próximo da janela. Os corações de Jorge e Rebeca continuavam apertando no interior em seus peitos. Todavia, qualquer respiração fora do compasso poderia chamar a atenção de Nick e ambos deveriam segurar firme a respiração, continuando os corações apertando fortes em seus peitos.
- Cadê vocês? – perguntou o psicopata, abrindo o baú. Decepcionando-se por não ter ninguém por lá, fechou com força. – Cadê vocês? – se perguntou, já visivelmente irritado. Voltou a caminhar pelo local.
Jorge respirou firme quando o palhaço parou ao lado da cama. "Vaza, vaza, vaza, vaza, vaza, vaza...", pensou, continuadamente, rezando para todos os santos. Mas não teve jeito. O palhaço levantou com uma só mão o colchão.
- Achei.
O rapaz e Rebeca tentaram soltar algum balbucio ou resposta, mas o serial-killer foi mais rápido.
- Dizem alô ao meu novo brinquedo. – disse, antes de desferir um poderoso golpe de porrete nas cabeças de Jorge e Rebeca.
O grito de Jorge ecoou aos quatro ventos e acabou por fazer todos no interior do ônibus acordar, sobressaltados. O rapaz suava frio e sua blusa social estava encharcada. O cobrador ligou a luz do corredor, abriu a porta e perguntou:
- Está tudo bem, meu jovem?
Jorge, ainda ofegante e sob olhares reprovadores ou preocupados dos demais passageiros, meneou positivamente com a cabeça.
- Está tudo bem, Jorge?
- Foi só um pesadelo. Eu sonhei que o ônibus... – a frase de Jorge foi interrompida por uma freada brusca do veículo e um grito de xingamento do motorista, que ainda tentou controlar o ônibus, mas este rapidamente saiu da pista e começou a capotar, enquanto descia o barranco.


O Orfanato Dos Pecados Contos De Terror

O Orfanato Dos Pecados



Essa é a história que eu preferia não contar. Não sei ao certo o que me levou a escrevê-la, talvez seja minha consciência gritando para que eu exorcize velhos demônios.
Na metade dos anos oitenta eu tinha apenas dezesseis anos, vivia em um orfanato católico chamado Nossa Senhora de Fátima.
Havia uma garota que eu era apaixonado desde os meus oito anos; Tereza era o nome dela.
Garota de sorriso fácil estava sempre disposta a ajudar os outros.
Ela era o meu porto seguro nos dias ruins.
Tínhamos uma educação rígida. Os dormitórios masculinos ficavam localizados na ala sul do orfanato e o feminino na ala norte.
Era raro termos algum contato com as meninas a sós, geralmente havia alguma freira nos observando.
As punições para quem transgredisse as regras variavam de um simples "ficar sem jantar" a surras com fio de cobre; eu mesmo possuía uma cicatriz nas costas por ter sido descoberto em uma noite folheando uma revista com teor pornográfico.
A irmã Carmem era a diretora do orfanato, sem duvida era a figura mais temida na época.
Por enquanto não falarei mais sobre a Irmã Carmem, não pretendo fugir do assunto principal da história que é Sobre Tereza.
A primeira vez que conseguir falar com ela foi no dia das crianças de 1980,naquele ano a comunidade fez uma festa para as crianças do orfanato.
Eu estava andando distraidamente com o balão de gás que acabará de ganhar de um palhaço quando a avistei sentada sozinha no gramado.
-Porque essa cara de tristeza menina? Perguntei.
Ela olhou para mim e pude notar que finas gotas de lágrimas caiam de seus olhos.
-Porque não ganhei um balão. Respondeu ela limpando os olhos com o canto da mão.
-Tome. É seu. Disse estendendo minha mão oferecendo o balão para ela.
Ela deu o sorriso mais lindo que até então eu já tinha visto, naquele momento eu sabia que estava apaixonado.
-Qual é o seu nome? Perguntou ela.
- Erick. E o seu.
-Tereza.
Conversamos mais uns dois minutos antes de aparecer uma freira para nos separar.
A freira a puxou rudemente pelo braço para longe de mim. Eu estava estático não conseguia tirar os olhos dela e ela não conseguia olhar para frente, foi à troca de olhar mais tensa que eu experimentei ate hoje.
Nossa segunda Conversa demorou dois meses para acontecer, sempre a via no refeitório ou passando pelos corredores, mas nunca tivemos a chance de ter uma conversa.,sempre havia uma freira observando,isso me causava uma enorme frustração,passava noites e noites escrevendo poesias para ela,em minhas fantasias antes de dormir imaginava como seria nossa vida de casados.
Nossa segunda conversa foi um pouco mais longa que a primeira, acredito que conversamos por uns cinco minutos, não me lembro bem qual foi os assuntos que abordamos, mas lembro bem de uma coisa que ela me disse: - Meu sonho é algum dia ver o mar.
-Juro que te levarei. Respondi.
Conforme os anos foram passando nossas conversas foram aumentando, e o desejo era crescente por ambas as partes. Trocamos nosso primeiro beijo aos onze anos, sentados na escada numa madrugada de novembro, enquanto todos dormiam.
Sabíamos que não podíamos ser descobertos. Não estava preocupado comigo, eu já havia sofrido todos os tipos de corretivos naquele orfanato, estava preocupado com Tereza, não queria que nada acontecesse a ela.
No aniversário de treze anos dela, a esperei sentado na escada como fazia uma vez por semana nesses anos todos.
Assim que ela desceu notei um olhar triste no rosto dela. Aquilo me magoava, porque Deus permitia que um tesouro daquele sofresse? Minha vontade era abraçá-la forte e transferir toda a tristeza dela para mim.
-O que aconteceu? Perguntei.
-Nada. – Apenas queria ter a chance de uma vida melhor. – não sei o que vai ser da gente quando formos adultos.
Segurei gentilmente as mãos dela na minha e encostei meus lábios de leve nos seus e sussurrei:
-Você vai Ser oceanógrafa, lembra?
-Uma oceanógrafa que nunca viu o mar. Disse ela olhando para os próprios pés.
-Você vai ser a melhor de todas, tenho certeza disso.
Ela alisou meu rosto e sorriu. Era um sorriso tímido, mas era melhor do que nada.
Naquele dia fomos surpreendidos pela irmã Marisa. – O que está acontecendo aqui? Perguntou ela ao nos ver aos beijos.
Eu estava tremendo. Temia que ela contasse para alguém: - por favor, não conte para a irmã Carmem. Supliquei.
Ela nos deu um olhar generoso e respondeu baixinho: - crianças se alguém pega vocês aqui, vocês sofreriam corretivos. Já para o quarto de vocês!
Afastamos-nos e fomos cada um para o seu respectivo dormitório.
Só voltamos a nos encontrar duas semanas depois, percebi que ela estava com um olhar tenso e então perguntei: - Está com medo? – Não é isso. –É que eu tenho que te contar uma coisa. Disse Tereza morrendo seu lábio inferior.
Não respondi nada. E ela apenas, e observou depois de alguns longos segundos ela continuou: - Sou sobrinha neta da Irmã Carmem.
Eu já tinha ouvido esse boato nos corredores, mas nunca acreditei. – Como você sabe?
Ela continuou falando como se não tivesse ouvido minha pergunta: - Meu avô era casado com a Irmã Carmem, eu sou fruto de uma traição entre meu avô e a irmã dela.
Quando minha vó descobriu que estava grávida, eles fugiram juntos deixando a irmã Carmem para trás.
-Meu deus, como você sabe disso?
- Me lembro das histórias que minha mãe contava. – segundo ela quando meus avôs fugiram não conseguiram ter paz em nenhum momento. – Quando meu avô estava saindo de casa, a irmã Carmem o amaldiçoou disse que eles nunca iriam conseguir serem felizes e que a maldição não recairia só sobre os dois mais por t as gerações que de família que viesse depois deles.
-Nossa! – Mas como a irmã Carmem virou freira.
-Em algum momento depois que ela foi abandonada pelo meu avô. - Não sei ao certo.
- E como você veio parar aqui?
-Meu avô morreu exatamente um ano depois de ter abandonado a irmã Carmem. – Os tempos eram difíceis e ele arrumou um emprego na roça, enquanto minha avó ficava em casa lavando roupa para fora e cuidando da minha mãe.
-Ele havia virado um alcoólatra. – Morreu em um acidente envolvendo um trator. – Não sobrou muita coisa para o reconhecimento.
Ficamos calados por um instante, eu estava tentando absorver tudo o que ela estava me contando, Joguei meus braços sobre os seus ombros e a aninhei entre o meu peito.
Ela levou um dedo à boca e logo em seguida continuou:- Minha avó e minha mãe faleceram quando eu tinha apenas seis anos, contraíram algum tipo de doença que os médicos não conseguiram detectar.
-Eu fiquei em um orfanato esperando que alguma família quisesse me adotar, mas quem acabou me encontrando foi à irmã Carmem.
- A primeira vez que eu a vi,eu tremia,sabia que estava diante da pessoa responsável pela morte dos meus avôs e dos meus pais.
-Você não mencionou nada sobre seu pai. Interrompi.
-Nunca o conheci. – Ele sumiu antes de minha mãe saber que estava grávida. –Acreditava que algo tinha acontecido a ele, afinal, ele não sabia que minha mãe estava grávida, tinha um emprego, porque ele fugiria?
-A primeira coisa que Irmã Carmem me disse foi que eu não deveria contar nunca para ninguém que éramos da mesma família, nesses anos todos foram poucas as vezes que ela me dirigiu a palavra, às vezes me pego pensando em como ela me encontrou...
Mais um tempo em silêncio, e em seguida ela emendou:- Está tarde.É melhor eu voltar para o dormitório. Deu-me um beijo demorado e foi em direção a seu quarto, enquanto eu permaneci ali, sentando apenas observando ela desaparecer da minha visão.
O tempo foi passando e nunca mais voltamos a falar sobre esse assunto, certa vez entrei no quarto da Irmã Carmem apenas para satisfazer a minha curiosidade, se ela fosse realmente uma bruxa, ela teria algum objeto macabro, revirei o quarto todo, mas nada encontrará. Conseguir sair sem ser visto, mas todas as vezes que esbarrava com ela pelos corredores ela me lançava um olhar como se soubesse o que eu estava escondendo.
No meu aniversario de dezesseis anos nos entregamos aos nossos desejos e tivemos nossa primeira vez, foi no nosso lugar de sempre, na escada. Entreguei-me totalmente. Ela possuía um corpo perfeito, ficamos quase a noite toda ali, naquela troca de afeto.
Na nossa segunda vez, uma semana depois, fomos descobertos pela Irmã Carmem: - O que significa isso? Gritou ela.
No susto Tereza saiu de cima do meu corpo e procurou seu vestido para esconder seu corpo nu.
-Nem pense em fazer isso. Gritou Irmã Carmem enquanto tomava o vestido das mãos de Tereza.
-Me acompanhem do jeito que vocês estão!
Olhei para Tereza que apenas olhava para o chão.
Duas freiras apareceram.Tamparam os olhos com a mão diante de nossos corpos nus.
-Acordem os alunos e os levem até os jardins. –Quero que todos vejam isso. Disse apontando para nós.
Ficamos expostos para o orfanato inteiro no jardim, fazia bastante frio naquela noite, mas não tinha certeza se meus tremores eram ocasionados pela baixa temperatura.
-Sabem o que eles faziam? Perguntou Irmã Carmem.
- Eles fornicavam nas escadas, e como todos aqui sabem isso é um ato ilícito condenado por Deus, A bíblia diz em Apocalipse 21:8: "Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte."
Ninguém falava nada. A Irmã Carmem parecia estar gostando do circo montado.
Sem me conter eu resolvi falar tudo o que eu pensava: - Porque dizem que fornicar significa ter relações sexuais antes do casamento? Acho que a interpretação que fazem está um tanto quanto errada. O sexo quando feito entre duas pessoas que se amam, configura uma troca de boas energias e não uma prática demoníaca.
Irmã Carmem jogou sua cabeça para trás e deu uma risada alta: Então você acha que entende a bíblia garoto? – Ninguém lhe concedeu permissão para falar, por causa desse seu ato de rebeldia Tereza vai pagar.
Olhou para uma das irmãs que entregou a ela um fio de cobre. Aproximou-se de Tereza e ordenou que ela se curvasse: - Serão 13 chibatadas!
A cada chibatada, meu coração doía, Tereza estava de frente para mim podia ver as lagrimas rolarem por seu rosto, mas ela não gritava,não queria dar esse prazer a sua tia avó.
Na décima chibatada Tereza não agüentava mais ficar em pé caiu curvada sobre a grama molhada.
-Você me deve três ainda, mas serei generosa e deixarei para a próxima. Disse Irmã Carmem.
-Levem na para o porão e a amarrem como se estivesse crucificada, ela deverá ficar lá por três dias, sendo alimentada por migalhas de pão e um copo de água a cada doze horas.
Aqueles dias foram difíceis, ela me relatou depois que ficou amarrada nua, que de vez em quando alguém a via espionar, achou que não iria sobreviver. Quando finalmente foi tirada do porão eu estava próximo, parei em uma distancia segura apenas para olhar para ela.
Estava bastante abatida, uma freira havia enrolado uma toalha sobre o corpo dela.
Um dia depois de ter sido tirada do porão, fiquei sabendo pela irmã Marisa que Tereza iria embora, tinham arrumado uma família para ela, ela já estava com dezessete anos, era raro uma família querer adotar uma pessoa no fim da adolescência, mas segundo a Irmã Marisa a Irmã Carmem tinha bastante influencia no mundo exterior e dificilmente um pedido seu era negado.
No dia seguinte estava no jardim com os olhos cheio de lágrimas vendo ela partir,ela diferentemente do nosso primeiro encontro não olhou para trás,era como se estivesse me evitando para evitar sofrer. Em frente a um carro, um casal de meia idade a aguardava, o homem abriu a porta do carro para ela, para em seguida entrar e partir.
Naquela mesma noite a Irmã Marisa me trouxe uma carta de Tereza, ela dizia que me amava muito e que a decisão dela de aceitar a família escolhida pela Irmã Carmem, foi simplesmente para evitar que algo acontecesse comigo. A sua tia avõ tinha prometido a ela que caso partisse quando eu completasse dezoito anos me arrumaria um bom emprego.
Guardei a carta no bolso e comecei a pensar num jeito de reencontrá - la.
Alguns meses depois da partida de Tereza, Irmã Marisa me contou que um policial havia ido ao orfanato para comunicar que aconteceu uma tragédia com a família que Tereza estava vivendo.
-Que tragédia? Perguntei temendo o pior.
-Um homem entrou na casa durante a noite e matou os pais adotivos de Tereza.
-E onde está ela? Perguntei quase gritando.
-Ela está bem. – Está no hospital. - A policial conseguiu chegar antes que ele escapasse.
O olhar da freira não escondia a tensão. Ela tinha mais para falar, mas alguma coisa a estava impedindo, talvez não saber qual seria minha reação.
- O que mais aconteceu?- Me conte, por favor.
-Ela sentou do meu lado e falou: - Ela foi estuprada.
Levou minhas mãos ao rosto e comecei a chorar. Ela não merecia aquilo, por que com ela?
- Não é só isso. Disse a freira demonstrando certa cautela na voz.
- A policia nos disse que o homem estava contaminado com o vírus do HIV.
Eu sabia naquela época o que significava. Era a AIDS. Uma doença que surgiu naqueles anos; naquela época as vitimas do vírus morriam depressa.
-Não! Gritei eu. -Não pode ser!
A Irmã Marisa me abraçou e me pediu calma disse que talvez ela não estivesse infectada, mas sabíamos a verdade, ela estava.
Alguns dias depois ela voltou para o orfanato. Uma semana depois de sua chegada foi confirmado que ela estava com o vírus HIV, eu estava arrasado não suportava a idéia de ficar sem ela.
A Irmã Carmem apenas disse que tudo que aconteceu foi à vontade de Deus foi o castigo que ela teve por ter fornicado.
Dois meses depois da volta de Tereza para o orfanato fugimos no meio da noite.
Entrei na administração do orfanato e roubei algum dinheiro. Fomos para o Rio de Janeiro.
A saúde de Tereza já estava debilitada, não podia deixá-la morrer sem realizar o maior sonho dela, que era ver o mar.
-Aqui é lindo! Disse ela.
Caminhou ate a beira da praia e deixou seus pés se chocarem com as ondas que iam e vinham num ritmo ininterrupto.
Ficamos o dia todo ali, apenas nas areias da praia de Copacabana, sentindo toda a beleza do lugar.
-O que aconteceu comigo, foi por causa da maldição. Ela não olhava para mim quando disse isso, apenas observava o mar.
Não respondi nada. Não tinha uma opinião formada sobre isso.
- Eu só queria ser feliz. - Eu tinha tantos sonhos. Disse ela me abraçando em meio às lágrimas.
Tereza faleceu duas semanas depois. Eu permaneci no Rio mesmo após a morte dela.
Não sei o que aconteceu com a irmã Carmem, acredito que a essa altura ela já esteja morta.
Tentei ter outros relacionamentos, mas ainda vivia a sombra de Tereza, todos os meus relacionamentos não duravam mais de um ano. Às vezes até eu acreditava que a irmã Carmem era uma bruxa, e que a maldição que ela havia rogado para a família de Tereza tinha caído sobre meus ombros.
Se ela era uma bruxa mesmo nunca terei certeza, a única certeza que eu tenho é que eu devo ficar sozinho.Não posso construir nada com outra pessoa porque estou preso ao passado, não seria honesto com ninguém.
Como diria um certo poeta: Pecado é despertar desejo para depois renunciar.

O Morador Da Velha Casa Contos De Terror

O Morador Da Velha Casa


— Há alguém alí. — Alguém? aonde? — Alí, naquele quarto. — Mentira, ninguém está alí, pensas que vou ficar com medo, quando dizes isso? — É sério Mário, vamos sair daqui. — Não, espera, vamos ver, talvez vamos encontrar algum dinheiro por aqui. — Eu não acredito tanto. — Não acreditas tanto o quê? — Que encontremos dinheiro, ou algo parecido. — Calma. — Vamos embora, está anoitecendo. — Já desististe da nossa aposta, medroso? — Claro que não, estava apenas... Te testando. — Júlio! olha tem uma escrita aqui na parede. — O que diz? — Deixa-me lá ler — diz o seguinte: "DE NOITE NÃO ESCAPARÁS", e está escrito a vermelho, cara. O sol já tinha afundado no horizonte, já era noite, com uma luz fraca e proveniente da lua, dois adolescentes se encontravam naquela pequena casa de tijolos deixados pelo tempo, eles tinham feito uma aposta, que poderíamos chamar de um jogo, a regra de jogo era; perde aquele que se mostrar medroso. A luz da lua tornava a camiseta branca do Mário como destaque e o vento que oscilava a cada segundo ameaçava arrancar o boné do mesmo. A iluminação era fraca, porém tornava a roupa dos adolescentes visível, naquela noite. A luz e o vento que já se tornava solene, penetravam através das lacunas deixadas nos lugares das janelas, as paredes, estavam cheias de rachaduras que pareciam galhos de uma árvore possuída por demónio. Júlio com seu andar engraçado foi até á janela, aliás, espaço que era janela, agora que ostentava um buraco que para perder a sua negritude dependia da luz da lua. Por um instante o vento parecia ter vida própria querendo arrancar os calções vermelhos do adolescente. Mal educado - Júlio pensou, segurando os seus calções. A altura escassa e o volume do seu corpo o tornava engraçado, e por isso fora atribuído apelidos, dentre eles destacam-se Gordinho e bolinha. O outro adolescente foi ao encontro do amigo, este contemplava a luz da lua pelo buraco bizarro. Mário já sentia algo percorrendo a sua espinha, e já pensava na ideia de desistir, todavia não queria se mostrar medroso e perder a aposta, o outro tinha o mesmo pensamento. A sorte deles era que aquela noite não era acompanhada de frio, porém ambos já tinham desistido da ideia de continuar alí, depois da noite ter regressado, no entanto decidiram abandonar aquele lugar, mas algo bizarro chamou a atenção deles, aquela escrita por eles detectada tinha sumido e tinha se convertido em audio. "DE NOITE NÃO ESCAPARÁS", soaram aquelas palavras, pronunciadas por uma voz estapafúrdia. — Mário ouviste isso? Júlio perguntou ao companheiro com uma voz trêmula. Mário acenou com a cabeça positivamente, e eles logo saíram feito loucos, correndo, mas um deles não teve sucesso e caiu no terror total. Algo habitava naquela cansada e velha casa, algo das trevas, algo muito perigoso, talvez algo sobrenatural, a sua voz trazia arrepios a qualquer ser humano. O sol tornou-se a aparecer, já era pura manhã, um dos adolescentes já se encontrava em casa depois de um grande susto do dia anterior, e logo apalpou o telemóvel com o intuito de ligar ao amigo, efectuou a ligação mas ninguém estava doutro lado da linha. Moradores vizinhos daquela pequena casa cansada e velha, acordaram alarmados, depois de dormirem com os gritos de um adolescente, este que fora encontrado sem vida, cheio de sangue, marcas de unhas bem afiadas que passaram rasgando a pele, o sangue escorria pelo piso da velha casa, a cabeça do adolescente desfigurada, roupa rasgada e cheia de sangue. "Será que ele ficou naquela casa ontem" o adolescente ainda com o telemóvel na mão pensou. Os pais do adolescente desaparecido começaram a busca, eis que eles foram indicados o local onde se situava a cansada e velha casa e eles foram com o intuito de observar se o adolescente encontrado morto era ou não filho deles. Chegados lá sem gastar muito tempo reconheceram logo de cara, o adolescente, infelizmente era filho deles, a roupa falava por si e o penteado também apesar da cabeça estar desfigurada. A mãe não aguentou aquela cena e de mediato vomitou, o pai do adolescente não o fê-lo. O jeans preto, a camisa branca, sapatos e um boné estavam rasgados e ensanguentados. Doutro lado, o sobreviventes​ ainda sem saber da morte do amigo liga mais uma vez, e desta vez é atendido. — Alô, Mário. Disse júlio. — Sim? — Estás bem? — Sim estou, venho te buscar esta noite. — Me buscar? — O quê? Ninguém mais respondeu, e o telemóvel fora desligado de outro lado da linha. Depois de centésimas, o telemóvel de Júlio toca. — Alô, é o Júlio? — Sim, sou eu mesmo, Sim? — Sou Alexandra Marcs, agente da polícia, liguei porque os pais do Mário não conseguiram o fazer. Tenho uma má notícia! Júlio não estava a espera de receber uma notícia daquelas, pois a notícia o deixou muito perturbado, ou talvez duvidoso sobre si mesmo. — O Mário foi encontrado morto nesta manhã, o que significa que pode ter perdido a vida ontem. — Está morto? Mas...mas. Eu falei com ele, agora a pouco, como a senhora me explica isso? — Não é possível. — Deixa pra lá, obrigado pela informação . Ele desligou o telemóvel e jogou-o contra a parede. As últimas palavras do Mário ao telefone, não saíam da cabeça do Júlio, já era noite mas o Júlio se questionava, em vez de lamentar a morte do companheiro. Andou pela casa inteira muito pensativo, mas não conseguia acreditar que o companheiro estava morto, e nem se esquecia das últimas palavras do amigo que dissera: "Venho te buscar esta noite". Júlio se encontrava na sala de estar com todas as luzes apagadas exceto o televisor que era a fonte da luz. Caiu no sono, mas de repente um leve estrondo soou, e despertou o adolescente, ele levantou e perguntou: — Quem é? Eis que a resposta soou. — VENHO TE BUSCAR! — DE NOITE NÃO ESCAPARÁS. ha, ha, ha.........

29/05/2017

O Anel De Lúcifer Contos De Terror

O Anel De Lúcifer


O Anel de Lúcifer


Dizem que devemos ter 
cuidado com o que pedimos, 
pois podemos receber. Mas 
todo pedido tem um custo. E 
você não poderá escolher  
como pagá-lo

O Colégio estava agitado. Como não estaria? É formatura.
Mais um ano e os ritos de formatura se mantêm os mesmos. As tradições específicas dos personagens da escola: Missa para os pais, entrega de diplomas para professores e o baile para formandos.
Todos se preparando para um dia de comemorações.
Não sei por que, mas não estou com vontade de ir ao baile. Na verdade estou com uma sensação ruim. Minha mãe fala que é o medo de crescer.
Não é isto. Sinto como se alguma coisa muito ruim fosse acontecer no baile.
Perdida em devaneios sobre o baile, Kate caminha voltando da escola. Uma jovem saudável e com corpo atraente. Seria a mais linda da escola se não usasse aparelho nos dentes e óculos fundo de garrafas. Bem magra e de boa estatura, pratica esportes como hobby Mas não esportes de meninas como vôlei ou handebol Kate joga futebol e luta jiu-jítsu. Seus hobbies a faz diferente das demais meninas da escola. Não é muito comum ver uma garota de dezessete anos derrubando um grandalhão com o dobro de seu tamanho.
- Kate. Vamos à sorveteria?
- Não posso ir Carol, tenho que fazer o trabalho de história para amanhã.
- Está bem, eu vou indo então. Até amanhã.
- Até amanha - olhando o relógio, Kate vê que já passam das seis da tarde. - Droga! Vou levar bronca de novo
Kate e Carol são amigas desde os cinco anos. Estudaram juntas à vida toda. Carol é a única menina que mantêm amizade com Kate. Kate não sabe o porquê Carol ainda é sua amiga, já que ela é a menina mais desejada do colégio e Kate, é apenas Kate.
- Chegando tarde de novo Kate? - um tom inquisitivo que dispensava qualquer resposta.
- Desculpe mãe, eu me distraí com a Carol.
- Já lhe falei que não adianta pedir desculpas se você vai continuar se atrasando. Seu jantar esta na geladeira esquente-o no micro-ondas.
- tudo bem.
Kate foi criada pela sua mãe. Seu pai nunca a visitou. Kate não sentia falta do pai. Nem
mesmo chegou a conhecê-lo Ele fugiu assim que soube da gravidez. Morando com a mãe e uma avó muito doente, Kate ajudava em casa, e por isso sua mãe não
gostava dos atrasos.
Kate sempre foi uma boa filha, mas há alguns dias se tornou um pouco desatenta. Sua mãe e sua avó alegam ser por causa do baile.
-Kate você poderia vir aqui um pouco? Quero falar com você - uma voz tão fraca que quase não se ouvia.
- Já vou vovó.
dois lances de escada que não precisaram de mais do que cinco passadas. Kate era uma
atleta.
- A senhora precisa de algo vovó?
- Preciso de um pouco do seu tempo para me fazer companhia.
- Tudo bem vovó. A senhora sabe que gosto de ouvir suas histórias.
- sei sim. Eu tenho um presente pra você antes de lhe contar a história de hoje.
- um presente? O que é?
- pegue nas minhas coisas uma caixinha vermelha. E traga-a aqui.
Depois de um ou dois minutos de procura.
- Aqui vovó.
- Ah como é linda. Já havia me esquecido quão bela era esta caixinha.
Ao abrir algo cintilou em um vermelho fogo.
- Este anel é ainda mais maravilhoso quanto sua caixinha.
- Ele é lindo, vovó.
- E agora é seu, tome, experimente-o.
- Mas ele é muito grande.
- Eu também pensei assim. Mas serviu perfeitamente em mim e algo e diz que o mesmo acontecerá com você.
- É verdade! Serviu perfeitamente.
- Eu quero que você o use na noite do baile.
- Ah! O baile. Eu não quero ir vovó. Sempre sinto algo ruim quando penso no baile.
- Isto é ansiedade. Você vai ver, o baile será a melhor noite da sua vida. Agora sente-se e escute a história de como eu ganhei o anel.
“Eu estava na minha formatura. O garoto que me levou sumiu do baile e quando o encontrei ele estava com a principal das populares da escola. Eu fiquei com muita raiva de ele ter me feito de boba.
Sai correndo e chorando e acabei no jardim. sentei atrás de alguns arbustos e chorei. Foi quando um belo rapaz apareceu e me perguntou por que eu chorava. Disse-lhe que
tinha sido abandonada pelo meu par e que ele estava aos agarrou com a garota mais
popular do colégio.
Ele me chamou para dançar. Eu não queria, mas não conseguia negar nada aqueles olhos
dourados que ardiam como fogo.
Voltei ao salão de dança com ele e dançamos uma música lenta.
Ele me disse que seu eu o beijasse, tudo o que me deixava infeliz desapareceria. Eu acreditei
no que ele me disse e o beijei. Ficamos um longo tempo nos beijando e foi quando eu
ouvi um grito muito alto que me despertou.
Isabelli, a menina mais linda do colégio começou a gritar desesperadamente. Todos correram em direção ao corredor e quando abriram a porta viram Isabelli suja de sangue e Matthew, meu par, sem vida no chão. Ao lado de seu corpo havia uma barra de ferro
pontiaguda ensangüentada. Isabelli olhando a todos assustada correu na direção oposta.
Tropeçou em algum obstáculo no chão e caiu, batendo a cabeça no chão, Isabelli estava
morta. todos ficamos muito assustados. O jovem a quem eu beijara havia desaparecido e em meu bolso havia esta caixinha com o Anel e um bilhete.
O bilhete dizia que era a prova de que ele me queria e que eu jamais perdesse este anel, pois um dia ele viria buscar. "
- Nossa vovó que história de livros de terror. Mas será que fora ele que fez acontecer às mortes.
- Claro que não Kate, eu estava com ele o tempo todo.
- Mas e o Anel?
- Eu o guardei por todos estes anos na esperança de ver meu príncipe novamente.
- Que história linda vovó.
- Sim Kate. Uma bela história de amor não?
- Sinto muito por ele não ter voltado vovó.
- Deixa de ser boba, Kate. se ele tivesse voltado eu não teria casado com seu avô e não teria nascido nem sua mãe e nem você. agora preciso descansar. Boa noite Kate.
- Boa noite vovó.
Um abraço terno e Kate saiu do quarto com o anel em mãos foi até seu quarto e admirou a pedra vermelha cravada no anel.
No dia seguinte, Kate em sala de aula mostrava o anel para Carol.
- Kate, que anel lindo.
- Sim, minha avó quem me deu.
- Ei meninas, nossa que anel legal!
- O que você Carlos?
- Calma Carol. Só vim avisar que vai ter uma reunião da comissão de formatura hoje no ginásio.
- Tudo bem. Vamos lá Kate.
Todo o colégio estava reunido na arquibancada do ginásio. no centro da quadra havia um palco montado e lá estávamos garotas mais populares do colégio. Entre elas estava Sophia. A principal líder de torcida do time de futebol e quem mais provocava Kate.
- Boa tarde gente! como todos aqui sabem eu, Sophia, sou a organizadora do Comitê de Formatura, este ano, assim como todos os outros, teremos a pegadinha em um veterano
que será escolhido pelo comitê. O baile será realizado no salão de festas da minha mãe e estamos recrutando pessoas para ajudar na decoração. quem quiser ser voluntário é só se
inscrever aqui.
- Eu odeio esta menina
- Para Carol, alguém pode te ouvir.
- Kate como você defende esta megera, ela te atormenta desde a terceira série.
- Eram coisas de crianças.
- Eram não. Ela ainda pega no seu pé.
- Deixa isto pra lá.
- É. você já foi convidada por alguém?
- Ainda não, mas não sei se vou à formatura. E você?
- Eu fui convidado pelo Josh. O aluno mais gato da escola. Quer dizer o segundo. Por que
o Mais gato é o Ed.
- Ai, Carol.
- Que foi Kate? Fala que ele não é?
- Mas você só fala de Homens.
- Mas vou falar sobre o que? Sobre a quedinha que você tem pelo Ed?
- Não fala isso.
- Ah. Então você vai me dizer que você não quer ir ao baile com o Ed?
- Para Carol.
- Quer ou não?
- Querer é uma coisa ir é outra.
- Mas você quer ou não? Quero te ouvir falando.
- Quero!
A pele abaixo do Anel aqueceu, quase imperceptivelmente e um brilho fosco passou por sua pedra sem que as duas percebessem.
Risadas de cumplicidades surgem entre as duas.
- Então que horas eu te pego?
Um tremor percorreu todo o corpo de Kate.
- Ed? - gagueira tomou conta. Seu rosto corou.
- Ouvir dizer que você quer ir ao baile comigo.
- Não. É. Digo.
- Claro que ela quer Ed.
- Carol!
- Que foi? Você quer mesmo.
- Kate quer ir comigo ao baile de formatura?
- Sim Ed.
- Tudo bem eu te pego as Sete então?
- Tudo bem. É. As sete.
- Vovó. Vovó. Tenho que te contar uma coisa.
- Sua Avó esta no médico Kate, ela esta pior. O câncer está aumentando.
- Vou visitá-la
- Hoje não. Ela esta na quimioterapia e não pode receber ninguém amanha cedo iremos.
- Mãe vai ficar tudo bem não é?
- Vai sim filha. Claro que vai. Uma lágrima fina escorreu pelo canto do olho. Kate percebeu.
Em seu quarto Kate começou a chorar. Aprenderá a Amar a avó como uma mãe. O que
seria dela sem a avó? Sem os conselhos e sem as histórias dela. Kate não queria perdê-la. Kate não podia perdê-la. Um calor mais forte sob o Anel agora. Kate sentiu um leve desconforto e viu um brilho opaco na pedra vermelha.
Não era nada era só sua imaginação.
Sábado de manhã. A noite teria o baile. Mas antes, Kate tinha que visitar sua avó. Kate nunca gostou de hospitais. Eles cheiravam a doenças. No quarto de sua Avó, Kate parou na porta antes de entrar. Tinha medo do que veria lá dentro. A imagem de sua avó deformada pelo câncer e seu frágil corpo inerte em cima da cama pularam em sua mente. um tremor percorreu o corpo de Kate.
Ao abrir a porta Kate vira sua avó sentada, na cama. Estava mais forte do que antes. A surpresa fez com que Kate pulasse nos braços de sua avó.
- Vovó A senhora esta bem.
- Melhor do que nunca. Não sei o quê aconteceu. Ontem eu estava mal, mas hoje eu Acordei bem.
- Isto é bom vovó. Por um minuto pensei...
- Ei Kate, você não vai se livrar de mim tão rápido. E o baile?
- Vovó, estou indo com Ed.
- Aquele rapaz que você é apaixonada?
- Também não é assim vovó, mas é ele mesmo.
- Muito bem. Temos que arrumar seu vestido.
- Mas a senhora não vai fazer nada.
- Que isso Kate, estou forte como uma rocha de novo.
- Vovó esta quase na hora, como estou?
- Linda. Esta perfeita.
- Será que o Ed vai gostar?
- Claro que sim. Quem não gostaria de dançar com uma princesa.
- Obrigada vovó.
Porta
- Vá Abrir a porta Kate.
- Ai será que é ele?
- Anda menina vá abrir a porta.
- Uau! Ei Kate.
- Ei Ed.
- Kate você está linda.
- Obrigado Ed. você também não estada nada mal.
- Obrigado. Vamos então?
- Sim. Até mais tarde Vovó. Até mais tarde Mamãe.
- Kate, espero que esta noite seja inesquecível pra você.
- Já esta sendo Ed.
O baile de formatura. O mais importante rito escolar. O fechamento do ciclo de estudante para o inicio da vida profissional e universitária. A decoração tinha o tema dos bailes da década de 90. Toda a decoração estava esplendorosa. Os garotos do lado de fora do salão às gargalhadas. As garotas na porta se reunindo com suas amigas e fofocando umas sobre os vestidos das outras.
Edward desceu do carro, um sedã preto que parecia estar transportando algum grande político, deu a volta pela frente e abriu a porta. Esta era a função do motorista, mas Ed. queria fazer as honras. Kate, em um magnífico vestido Azul perolado. Todos pararam seus cochichos e prestaram atenção na jovem que chegará.
Sophia se enfureceu. Afinal, esperava que Edward fosse com ela ou que no mínimo fosse sozinho. Ela não poderia permitir que Kate, fosse a mais bela do Baile. Do seu baile. Sophia teria que fazer algo. Puxando suas três companheiras para dentro do salão sumiu de vista.
Kate estava em um mundo de maravilhas. O cara que gostava estava com ela na formatura. Todos a olhavam, mas não como na quinta série onde ganhara o apelido de Kate estranha por praticar esportes de garotos. Os olhos eram de admiração. Kate sentiu-se a rainha do baile.
Ed, pegou-a pela mão e a levou para dentro. Todos dançaram. Todos riram. Beberam. Curtiram. A meia-noite seria anunciado o rei e a rainha do baile. E depois estariam
terminadas as formalidades e começariam as músicas dançantes.
Kate não conseguia deixar de pensar que estava sonhando. Ed, a levou até um dos cantos mais afastados e lhe beijou. Uma carga elétrica percorreu o corpo de Kate, enrijecendo os músculos era o primeiro beijo de Kate.
O momento mágico fora interrompido pela voz da diretora chamando todos para verem a coroação do baile.
- Atenção todos! O Rei do baile é Edward Burstrein.
Aplausos mas não muito empolgados. Todos já sabiam que seria ele. O garoto mais popular da escola. Ele subiu ao palco e com um aceno de cabeça agradeceu.
- A Rainha do baile é Kate Werminton.
Um silêncio pairou por poucos segundos, todos esperavam que fosse Sophia. Uma garota começou a aplaudir. Era Carol, melhor amiga de Kate. Todos explodiram em aplausos, o holofote se dirigiu até Kate. Ela caminhou lentamente até o palco. Ed gostou da surpresa. Abraçou-a.
- Venha Kate. Dê um passo à frente para receber sua coroa.
Dois passos.
Um ruído metálico vindo de cima. Kate levanta seus olhas e vê caindo em sua direção litros de tinta vermelha. Seu vestido azul todo tingido. Seu cabelo, seu rosto. Ao seu redor todos riam.
Kate sai em disparada em direção a porta. Ed intercepta, mas Kate começa a gritar que a culpa é dele o empurra. Carol tenta segura a amiga, mas escapa-lhe por entre os braços. Antes de sair pela porta principal. Um par de olhos malvados á olhava com prazer estampado no rosto, mas sem sorriso. Um olhar maldoso. Um olhar de quem vê sua vítima fugir desesperada enquanto se deleita na sua vitória. Sophia. Havia sido ela quem preparara a armadilha.
Kate correu em direção aos jardins e sentou-se por entre as flores.
- Eles se divertiram com você não foi?
- Quem é você?
- Sou apenas um amigo.
- Não preciso de amigos.
- Posso fazer o que você desejar se tornar realidade.
- Então suma daqui.
- É só você pedir que realizo seu desejo. O que você realmente quer?
- Quero que Sophia morra!
- É isto que você quer?
- Sim.
Um calor insuportável queimou em seu dedo. no local onde o Anel que sua avó lhe deu
estava, porém ele havia sumido. Um brilho na mão direita do homem chamou atenção de Kate.
- Ei, este anel é meu!
- Não. Não é. Ele era da sua avó. E eu vim buscá-lo
- Como você sabe disto?
- Fui eu quem lhe dei.
- Mas não é possível você tinha que ser velho.
- E sou. Sou tão velho quanto o mundo, mas posso me fazer ver da forma que eu quiser.
- O que você é?
- Não o que. Sim Quem. Sou o Senhor da Escuridão. E você é o meu pagamento pelo empréstimo do anel.
- O que?
- Há muito tempo dei ele a sua avó e lhe disse que enquanto tivesse o anel, ela teria uma vida cheia de alegrias, mas que um dia eu retornaria para pegar. E levaria comigo o bem mais precioso que ela tivesse.
- Minha avó?
- Sim. Kate, você é o bem mais precioso dela. e vim te buscar. Eu disse a sua avó que nunca deveria usar o Anel. Mas você o usou. E o Anel lhe deu tudo o que você pediu. Você o pediu para Edward ser seu par no baile. Pediu para sua Avó ser curada do Câncer e Pediu para matar Sophia.
- Você será bem vinda em minha casa.
- E a propósito, pode me chamar de Lúcifer.