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24/09/2017

A Boneca Annabelle, Sua História e Seus Filmes Tudo Baseado Em Fatos Reais

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA BONECA DIABÓLICA CHAMADA ANNABELLE 


Em 1970, uma mãe comprou uma antiga boneca modelo "Raggedy Ann" de uma loja para colecionadores de bonecas. A boneca foi um presente de aniversário para a filha, Donna, que na época estava cursando faculdade, se preparando para formar-se em enfermagem e morava em um pequeno apartamento com sua companheira de quarto Anngie (também enfermeira). Contente com a boneca, Donna a colocou sobre sua cama como uma decoração e não lhe deu maior atenção depois de alguns dias. Com o tempo, Donna e Angie notaram que parecia haver algo estranho e arrepiante com a boneca. Ela, aparentemente, se movia sozinha, no primeiro momento movimentos relativamente imperceptíveis, como mudanças de posição, mas com o tempo as movimentações se tornaram mais notáveis. Donna e Angie chegavam em casa e encontravam a boneca em uma sala completamente diferente de onde à haviam deixado. De vezes em quando, encontravam a boneca no sofá de pernas e braços cruzados, outras vezes era encontrada de pé, encostada em uma cadeira na sala de jantar. Várias vezes Donna colocava a boneca no sofá antes de sair para o trabalho, e quando voltava para casa encontrava a boneca em seu quarto sobre a cama com a porta fechada. 


As Mensagens

A boneca, não só se mexia, mas também escrevia. Após cerca um mês de experiências, Donna e Angie começaram a encontrar mensagens escritas à lápis em papel de pergaminho onde lia-se "Ajude-nos" e "Ajude Lou". A escrita à mão aparentava ser de uma criança pequena. A parte arrepiante sobre as mensagens não eram os textos, mas a maneira na qual foram escritos. Na época, Donna não possuía papel de pergaminho, onde as mensagens foram escritas, em sua casa. Então, de onde veio esse papel? 


O Médium

Uma noite, Donna voltou para casa e encontrou a boneca novamente em uma posição diferente da que havia deixado, desta vez em sua cama. Donna descobrira que isso era típico da boneca, mas de alguma forma ela sabia que desta vez era diferente, algo não estava certo. Uma sensação de medo à tomou quando ao inspecionar a boneca, viu o que pareciam gotas de sangue na parte de trás de suas mãos e em seu peito. Aparentemente, do nada, um líquido vermelha apareceu na boneca. Assustadas e desesperadas Donna e Angie decidiram que era hora de procurar aconselhamento especializado. 

Sem saber para onde ir, elas entraram em contato com um médium e uma sessão foi realizada. Donna foi então apresentada ao espírito de Annabelle Higgins. O médium contou a história de Annabelle para Donna e Angie. Annabelle era uma menininha que residia naquele lugar antes dos apartamentos serem construídos, aqueles foram "momentos felizes". Ela era uma menina de apenas sete anos de idade quando seu corpo sem vida foi encontrado no campo onde agora o complexo de apartamentos estava. 

O espírito relatou ao médium que ela se sentiu confortável com Donna e Angie e queria ficar com elas e ser amada. Sentindo compaixão por Annabelle e sua história, Donna permitiu que a menina continuasse na boneca para que pudesse ficar com elas. No entanto, elas logo descobriram que Annabelle não era o que parecia ser. Esse não era um caso comum e definitivamente aquela boneca também não era. 


O relato de Lou

Lou era amigo de Donna e Angie e esteve com elas desde o dia em que a boneca chegou. Lou nunca gostou muito da boneca e por várias vezes advertiu Donna que ela era má e deveria livrar-se dela. Porém, Donna tinha um laço de compaixão pela boneca e sem dar muito crédito aos conselhos de Lou, ficou com a boneca. A decisão de Donna, ao que parece, foi um erro terrível. 

Uma noite Lou acordou de um sono profundo e em pânico. Mais uma vez ele teve um pesadelo recorrente. Só que desta vez de alguma forma, algo parecia diferente. Era como se ele estivesse acordado, mas não conseguia se mexer. Ele olhou ao redor do quarto, mas não conseguia discernir nada fora do normal, e então aconteceu. Olhando para baixo na direção de seus pés, ele viu a boneca, Annabelle. Ela começou a deslizar lentamente subindo por sua perna, moveu-se e então parou sobre seu peito. De repente a boneca estava o estrangulando. Paralisado e ofegante Lou, no ponto de asfixia, apagou. Ele acordou na manhã seguinte, certo de que não era um sonho, Lou estava determinado a livrar-se da boneca e do espírito que a possuía. Lou, no entanto, teria mais uma apavorante experiência com Annabelle. 

Preparando-se para uma viagem no dia seguinte, Lou e Angie estavam lendo sobre mapas sozinhos em seu apartamento. O apartamento parecia estranhamente silencioso. De repente, sons vindos do quarto de Donna despertaram o medo de que alguém poderia ter invadido o apartamento. Lou, determinado a descobrir quem ou o que estava lá, foi caminhando silenciosamente até a porta do quarto. Ele esperou os ruídos pararem antes de entrar e acender a luz. O quarto estava vazia, exceto por Annabelle que estava jogada em um canto no chão. 

Lou vasculhou o quarto à procura por sinais de uma entrada forçada, mas nada estava fora do lugar. Entretanto, quando se aproximou da boneca, teve a nítida impressão de que alguém estava atrás dele. Rapidamente Lou se virou e percebeu que não havia ninguém ali. Em seguida, em um flash ele se viu agarrando seu peito, se retorcendo, cortado e sangrando. Sua camisa estava manchada de sangue e ao abrir-la, viu em seu peito o que pareciam ser sete marcas distintas de garras, três na vertical e quatro na horizontal, todas estavam quentes como queimaduras. Essas marcas se curaram quase imediatamente no dia seguinte e sumiram completamente no segundo dia.


A Investigação Paranormal: Os Warren



Donna finalmente estava disposta a acreditar que o espírito na casa não era o de uma garotinha, mas um espírito inumano e de natureza demoníaca. Depois da experiência de Lou, Donna sentiu que era hora de procurar aconselhamento realmente especializado e entrou em contato com um padre episcopal chamado Padre Hegan. O Padre sentiu que era uma questão espiritual e que precisava entrar em contato com uma autoridade superior na igreja, então ele recorreu ao Padre Cooke, que imediatamente contatou os Warren.

Ed e Lorraine Warren imediatamente se interessaram no caso e entraram em contato com Donna a respeito da boneca. Os Warren, depois de conversar com Donna, Angie e Lou chegaram à imediata conclusão de que a boneca em si não era de fato possuída, mas manipulada por uma presença inumana. Espíritos não possuem objetos inanimados, como casas ou brinquedos, eles possuem pessoas. Um espírito inumano pode se atar a um lugar ou objeto e isso foi o que ocorreu no caso Annabelle. O espírito manipulou a boneca e criou a ilusão de que ela estaria viva, na tentativa de obter atenção. Na realidade, o espírito não pretendia ficar vinculado à boneca, ele procurava possuir um hospedeiro humano.

O espírito ou neste caso, um inumano espírito demoníaco, estava essencialmente em estagio de infestação do fenômeno. Ele começou a mover a boneca pelo apartamento por meio de teletransporte para incitar a curiosidade dos moradores na esperança de que eles lhe dessem atenção. Depois cometeram o previsível erro de chamar um médium ao apartamento para que pudessem se comunicar. O espírito inumano, agora capaz de se comunicar através do médium, explorou as vulnerabilidades emocionais das garotas fingindo ser uma inofensiva menininha perdida, que durante a sessão, foi dada a permissão de Donna para assombrar o apartamento. Um espírito demoníaco é tão negativo quanto os fenômenos causados por ele. Ele despertou o medo através dos movimentos estranhos da boneca, trouxe a materialização de perturbadoras mensagens manuscritas, as simbólicas gotas de sangue na boneca, e por último chegou a atacar Lou, deixando nele a simbólica marca da besta. A próxima fase da infestação do fenômeno teria sido uma possessão humana completa. Se essas experiências tivessem durado mais duas ou três semanas, o espírito teria possuído totalmente alguem, isso se não prejudicasse ou matasse um ou todos os moradores da casa. 

Na conclusão da investigação, os Warren consideraram oportuno ter uma recitação de uma bênção de exorcismo pelo Padre Cooke para limpar o apartamento. "A bênção episcopal da casa é extenso, um documento de sete páginas que é distintamente de natureza positiva. Ao invés de especificamente expulsar entidades malignas da habitação, o foco é em encher a casa com poderes positivos e de Deus." - Ed Warren. A pedido de Donna, e como uma precaução adicional para que os fenômenos não ocorressem novamente na casa, os Warren levaram a boneca de pano junto com eles quando foram embora. 


A Conclusão

Padre Cooke, embora desconfortável com seu papel de exorcista, concordou em realizar o ritual de exorcismo das sete páginas, uma doutrina que ele recitou por todo o apartamento até o ponto em que os Warren estavam confiantes de que a entidade não estava mais lá. Eles concordaram em levar a boneca de pano com eles. Antes de ir, Ed colocou a boneca no banco de trás do carro e concordou que não iria dirigir pela interestadual, no caso de o espírito inumano ainda estar com a boneca. 

Suas suspeitas estavam todas corretas, os Warren sentiram-se como objetos de um ódio vicioso. Em cada curva perigosa o carro desviar-se e morria fazendo a direção hidráulica e os freios falharem. Repetidamente o carro quase batia. Então Ed foi até o banco de trás e tirou de sua bolsa preta, um frasco de água benta e encharcou a boneca fazendo o sinal da cruz sobre ela. Os distúrbios foram interrompidos imediatamente e os Warren chegaram em segurança até sua casa. 

Após a chegado dos Warren em casa, Ed sentou a boneca em uma cadeira ao lado de sua mesa. No início a boneca levitou por várias vezes, em seguida ela parecia cair inerte. No entanto, durante as semanas que se seguiram, ela começou a aparecer em vários cômodos da casa. Quando os Warren saiam e deixavam a boneca trancada em um lugar fora da casa, eles muitas vezes voltavam para casa e quando abriam a porta da frente, à encontravam sentada confortavelmente na poltrona de Ed. A boneca também mostrou um ódio por clérigos que foram até a casa. 

Em uma ocasião o Padre Jason Bradford, um exorcista católico, foi à casa. Ao ver a boneca sentada na cadeira, ele pegou e disse: "Você é apenas uma boneca de pano Annabelle, você não pode machucar ninguém", e jogou a boneca de volta na cadeira, nesse ponto Ed exclamou: "Isso é uma coisa que é melhor você não dizer." Ao sair, uma hora mais tarde, Lorraine pediu encarecidamente ao padre para que tomasse muito cuidado ao dirigir e que ligasse para ela quando chegasse em casa. Lorraine previu uma tragédia para o jovem sacerdote, mas ele teve de seguir o seu caminho. Poucas horas depois Padre Jason ligou para Lorraine e explicou que seus freios falharam quando ele entrou em um cruzamento movimentado. Ele foi envolvido em um acidente quase fatal que destruiu seu veículo. Este foi apenas um dos muitos eventos que ocorreram durante os próximos anos. 

Os Warren tem uma caixa construída especialmente para Annabelle dentro do Museu Ocultista (Occult Museum), onde ela reside até hoje. Desde a construção da caixa, Annabelle parece não mais se mover, mas ela é tida como responsável pela morte de um rapaz que foi ao museu em uma moto com sua namorada. O jovem, após ouvir o relato de Ed sobre a boneca, desafiadoramente começou a bater na caixa insistindo que se a boneca podia deixar marcas nas pessoas, então ele também queria ser marcado. Ed disse para o jovem: “Filho, você precisa sair" e o colocou para fora do Museu. 

No caminho para casa, o jovem e sua namorada estavam rindo e zombando da boneca quando ele perdeu o controle da motocicleta e bateu a cabeça em uma árvore. O rapaz morreu na mesma hora, mas sua namorada sobreviveu e ficou hospitalizada por mais de um ano. Quando perguntada o que aconteceu, a jovem explicou que eles estavam rindo da boneca, quando perderam o controle da motocicleta. Ed alerta você para não desafiar o mal, pois nenhum homem é mais poderoso do que Satanás. 





Annabelle 2: A Criação do Mal


 Tudo começa com Ed e Lorraine Warren, casal de investigadores de fenômenos paranormais e autores associados a casos de assombrações que ganharam repercussão, o que acabou dando notoriedade ao casal. Mas, são esses casos e os artefatos envolvidos neles que acabaram ganhando fama e inspirando tantos filmes de terror,Lembrando que, até hoje em dia Lorraine Warren mantém um museu em sua casa que reúne todos esses artefatos, inclusive a boneca Annabelle original.




O sucesso da boneca foi tanto que resolveram fazer o seu filme solo, Annabelle  estreou em 2014. Dessa vez, o filme conta a história de um casal que aguarda a chegada da primeira filha e o marido resolve presentear sua esposa com a boneca. Porem, o que eles não esperavam era que sua casa seria invadida por membros de uma seita, onde seriam atacados e nesse meio um dos membros se mataria e se alojaria na boneca. Depois disso, surgem diversos acontecimentos macabros com o casal, nesse meio tempo, eles jogam a boneca fora, o bebê nasce e eles se mudam, com o intuito de mudar os ares. Mas, eis que a boneca aparece de novo e de novo, voltam a acontecer coisas macabras, susto atrás de susto e uma cena mais tenebrosa que a outra.

30/07/2017

O Condenado Do Condendo (Conto De Terror romântico)

O Condenado do Condendo 


Don Álvaro Guzmán era conhecido em Potosí pela sua crueldade, como o tinham sido antes dele o seu pai e o seu avô. Não que a crueldade fosse uma qualidade rara nos senhores da terra. Mas a crueldade dos Guzmán era, ainda assim, de natureza e dimensões que a faziam sobressair entre a costumeira desumanidade dos fidalgos da região, espanhóis ou criollos de nascimento. A Don Álvaro, por exemplo, viram-no uma vez decepar de um golpe de espada a mão de um criado que ele acusava, sem provas, de lhe ter roubado uma moeda de prata; viram-no, de outra vez, mandar açoitar, até ele desfalecer de dor e perda de sangue, um outro criado que demorou dois minutos a trazer-lhe o jarro de vinho que ele lhe tinha pedido; e viram-no fazer violar pelos seus dois enormes mastins a jovem mucama que ousou defender-se com bofetadas e arranhões quando ele quis abusar dela.
Dona Ignacia, a mulher de Don Álvaro Guzmán, era um anjo, na desajeitada bondade com que tentava compensar as vítimas da malvadez do seu marido, às escondidas dele; e seria também um anjo na aparência, se os maus-tratos de Don Álvaro lhe não tivessem roubado prematuramente a beleza delicada que tivera.
Don Álvaro Guzmán era possante como um touro e nunca ninguém lhe tinha conhecido doença, gripe ou mal de altura que fosse, de modo que, quando ele morreu de repente, foi grande a surpresa – e o alívio. Dona Ignacia não verteu uma única lágrima à morte do marido e nem familiares nem amigos, que lhe conheciam a triste condição, lho levaram a mal. Há quem diga que a viu assistir, da varanda do seu quarto, no escuro e em silêncio, à cena a que se resume este conto e que se deu oito ou nove horas depois do funeral de Don Álvaro; outros sustentam que, pela primeira vez em muitos anos, dormia um sono tão calmo e profundo que o tumulto de que se encheu a fazenda nessa noite não a conseguiu acordar.
O caixão de Don Álvaro tinha sido colocado no jazigo familiar, ao lado da capela da hacienda. Sempre ali tinham sido sepultados os Guzmán, para contento de todos: eles não queriam, por uma soberba que, a par da malvadez, lhes corria na linhagem, partilhar com mais ninguém a sua última morada; e aos restantes potosinos agradava-lhes não terem a conspurcar a terra sagrada do cemitério a carne abominável daquela família de demónios. Devia ser por volta da meia-noite. José, um dos capatazes da fazenda, que voltava a casa depois de ter despejado com uns amigos duas garrafas de singani num botequim das redondezas, ouviu barulhos estranhos vindos de dentro do mausoléu. Primeiro, maldisse a aguardente por lhe pregar partidas daquelas, e logo a ele a quem nunca tinham assustado nem demónios nem fantasmagorias de tipo nenhum. Mas, depois, decidiu confirmar se era mesmo de uma fantasia de bêbedo que se tratava. Aproximou-se da porta do sepulcro. Não havia dúvida, o barulho era real. Ouviu claramente a madeira a ser golpeada e urros abafados, que não duvidou que fossem humanos e que tanto podiam ser de raiva como de desespero.
José correu a acordar os outros trabalhadores da propriedade, um por um. Passava-se algo pouco católico, explicava-lhes ele, no jazigo dos Guzmán. Os peões começaram a sair das suas cabanas, alguns acompanhados das mulheres. Vinham quase todos armados de facas ou varapaus. Alguns traziam tochas na mão, mas depressa se deram conta de que era escusada qualquer iluminação artificial, porque a noite de lua cheia estava tão clara que se podia ler a letra miúda de um missal à luz apenas do luar. À porta do túmulo, os homens e as mulheres confirmaram, ansiosos, a verdade do relato de José. Ouviram o ruído de madeira a estilhaçar-se, seguido de um grito aflitivo de dor. A explicação do assombroso acontecimento começou a circular entre eles primeiro em sussurros amedrontados que se repetiam a espaços e depois num murmúrio constante, de que sobressaíram, a certa altura, as exclamações vigorosos de uma mulher: “Um condenado! Um condenado!”
Todos sabiam o que queriam dizer as palavras de Doña Hortencia: Don Álvaro Guzmán, o malvado, o pecador impenitente, não tinha sido autorizado a gozar do descanso eterno e nem sequer da correcção das suas faltas pelos tormentos do Inferno. Como outros criminosos sanguinários antes dele, tinha sido sentenciado a voltar à Terra e a vaguear para sempre na condição etérea que constituiria, para ele, o mais terrível castigo – era um condenado, uma alma deambulando em pena no mundo impuro da matéria. 
A porta do mausoléu abriu-se e todos se contraíram num espasmo de pavor. Não se ouviu nem um ai. Quando a fantástica figura do condenado surgiu no limiar do sepulcro, porém, nem os mais valentes deixaram de recuar alguns passos atabalhoados entre exclamações de terror. A aparição excedia o que de medonho pudesse conceber a mais doentia imaginação. Se era de Don Álvaro o fantasma, não tinha muitas parecenças com o Don Álvaro que tinham conhecido em vida: a aventesma tinha a cabeça e a cara feitas numa chaga pegada, bocados de cabelo arrancados, as roupas em farrapos e completamente ensanguentadas; e as mãos, que trazia levantadas em frente ao rosto num gesto de ameaça, viam-se-lhe descarnadas em toda a extensão das falanges, pingando grossas bagas de sangue.
“Não é uma alma penada”, gritou alguém, “é um demónio da corte de Satanás!”
“Demónio ou fantasma, que importa?”, respondeu Doña Hortencia com firmeza, “Ides venerá-lo? Ou fugir dele? Dai-lhe antes a provar golpes de pau e cutelo, a ver o que diz o estafermo do outro mundo à digna recepção que o espera neste!”
O grupo de peones deixou convencer-se pela fúria decidida da mulher. Ao princípio, com alguma hesitação e depois cada vez mais afoitos, avançaram para o condenado e cercaram-no. Quando as primeiras pancadas o atingiram, o fantasma contorceu-se sem gritar. Quando alguém mais atrevido se aproximou dele o suficiente para lhe abrir o braço com uma facada, o monstro soltou um gemido arrastado e gutural que não era humano com certeza, titubeou e caiu ao chão, para se levantar outra vez logo de seguida.
Ouviu-se de repente um grito de José, a quem a cena de horror tinha desembriagado de todo:
“Deixai o homem, por amor de Deus! Será que sois tão cegos que não vedes que é Don Álvaro a miserável criatura?”
“Don Álvaro? Que Don Álvaro, este maldito avejão!?”, gritou-lhe Doña Hortencia, num esgar de raiva. “Este ser não é deste mundo e nem de mundo nenhum, que o Diabo não o quis receber na sua maldita morada e mandou-o de volta à Terra para nos continuar a atormentar!”
José entendeu então finalmente o que todos os outros tinham já há muito entendido: que a descrição que Hortência acabava de fazer se podia aplicar tanto a uma alma penada com a uma criatura de carne e osso, bem viva ainda mas que em breve deixaria de o ser. Só não compreendia por que demoníaco prodígio o tirano tinha conseguido adiar o julgamento divino. Mas nem isso o tinha conseguido salvar de ser condenado pelos seus juízes humanos.

29/07/2017

Lendas De Terror Baseadas Em Fatos Reais O Carazi

A Lenda Do Carazi 


Caso esteja lendo a noite e deseja dormir tranquilamente, feche essa página e vá fazer outra coisa,mas volte a manhã se estiver curioso.
obs: quando li essa história pela primeira vez não consegui dormir a noite. 

O Carazi tem a aparecia de um menino de seis anos, ele não tem boca, os olhos dele são totalmente negros e brilhosos e dizem que ao invés de dedos ele possui garras. O Carazi entra na casa das pessoas á noite, e se esconde nos armários, debaixo de mesas, atrás do sofá, ele só não entra nos quartos. Quando ele entra na casa das pessoas ele fica quieto observando, e quando alguém sai do quarto á noite para ir beber água, por exemplo, ele observa a pessoa e entende isso como um convite para entrar no quarto dela. Depois disso, a pessoa tem pesadelos, não conseguem dormir direito, começam a escutar barulhos estranhos, tem a sensação de que tem alguém ás observando e algumas dizem que vira ele.


Quando li sobre ele, pensei que fosse uma bobagem, só mais uma historinha de terror. Depois de uns dois, eu estava dormindo tranquilamente, nem mesmo me lembrava dessa historia, só que teve um dia que eu acordei á noite com muita sede, me levantei normalmente e fui até a cozinha, passando por um corredor escuro, voltei para meu quarto, só que nessa noite eu tive um pesadelo. Acordei no outro dia, eu nem levei á serio, era só um pesadelo idiota, não é?

Mas não foi só um pesadelo, foram vários, durante uma semana inteira. Os pesadelos que eu tinha eram tão horríveis que eu comecei a ficar com medo de dormir, e com isso comecei a perder o sono, demorava horas para dormir. Depois de algumas semanas, eu escutei uns barulhos estranhos no meu quarto, e quando estava muito silencioso, eu chegava a escutar alguém respirar, mas não tinha ninguém no meu quarto, não alguém visível.

Isso só piorou, eu fiquei paranóica, comecei a sentir que tinha alguém que me observava dormir, minha mãe achou que eu estava louca. Eu já estava desesperada, revirei meu quarto inteiro e não achei nada, resolvi pesquisar algumas na internet que pudessem explicar o que estava havendo comigo, e então me lembrei daquela historia idiota do Carazi, mas depois que li de novo, não me parecia tão idiota assim, parecia muito real, e aquilo estava acontecendo comigo, que sempre ridicularizei essas historias.


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Quando admiti para mim mesma, que quem estava me assustando de noite era o Carazi, ficou mais fácil lidar com isso, procurei na internet um método para expulsá-lo de meu quarto, mas não tinha nada. Á única coisa a fazer era ignorá-lo, e foi o que eu fiz, e faço até hoje. Quem sabe um dia ele não vai embora, quem sabe um dia ele não para de me fazer perder o sono e ficar enrolada na coberta acordada escutando barulhos estranhos e esperando ansiosamente o dia amanhecer.



23/07/2017

Relatos de terror baseados em fatos reais

Relatos de uma pessoa anônima

O Dia do Sacríficio





Antes, que eu levasse um tiro 3 dias atrás eu estava no meu altar de rituais, e uma voz meio estranha falou aos meus ouvidos que eu irir experimentar o início de uma morte ,e que eu tinha que escolher o meu ganho (uma forma de recompensa) e me propós o seguinte morrer por alguém ou viver para alguém morrer no meu lugar. Pensei muito depois que sai do altar, percebi que era um tipo de teste só não sabia como isso iria acontecer. No sábado no dia do tiro eu salvei uma mulher, e passei por um caso que me deixou muito entrigado, o tiro foi na perna esquerda, onde passa as veias que são ligadas ao coração, além de ser uma região femural, se a bala tivesse atingido o osso quebraria, e nem sei o que podia acontecer, mais por incrível que pareça a bala passou entre as veias e o osso sem atingir nada, de início estranhei até mesmo o médico que me examinou achou muito estranho e me falou mesmo assim (Realmente não chegou a sua hora jovem, te mandaram de volta.) Lógicamente tinha entendido o que o espírito tinha me contado 3 dias atrás, e vi que realmente se tratava de um teste, o outro lado queria ver se realmente eu era capaz de me sacrificar por alguém.

12/07/2017

Um Monstro No Quarto Contos De Terror

Contos De Terror Um Demônio no Quarto




Aquela noite de 31 de outubro estava demasiamente grande, sendo que parte da culpa era das torrenciais chuvas de mais cedo, que acabaram por elevar os níveis dos rios da região. Bernardo se encontrava já deitado em sua cama, na pequena casa que residia com seu pai, Lauro, desde o falecimento de sua mãe. Era pouco mais de nove horas e ambos já se estavam dormindo, já que iriam acordar cedo para viajarem de madrugada, para aproveitarem o máximo possível o feriado prolongado.
Bernardo tinha pouco mais de sete anos e era um garoto bastante agitado. Tinha severas dificuldades de dormir e não eram poucas as vezes que assustavam seus pais madrugada afora com suas andanças sonâmbulas pela casa. Da mesma forma, era facilmente acordado, por qualquer barulho. E, como o interruptor do quarto era próximo da casa – estratégia do pai ao edificar a casa, pois sabia da dificuldade de dormir do filho, o que lhe impediria de levantar toda hora para acender a luz -, não eram raras as ocasiões que a luz do quarto ficava apagando e acendendo durante a madrugada.
Naquela noite, Bernardo se encontrava irrequieto, girando de um lado para o outro na cama. Sentia-se uma carne fritando na frigideira quente, devido ao calor da noite. Girava e girava, de um lado para o outro da cama, em intervalos regulares. Repentinamente, completamente tomado pela irritabilidade, levantou-se, em um só pulo, sentando-se ofegante na cama. Apertou o interruptor e ligou a luz. E, naquele instante, viu aquilo que mudaria sua noite... e sua vida.
Havia um rapaz de pele negra, careca, sem camisa e portando cachimbo na boca e gorro vermelho na cabeça com a cabeça apoiada sobre os braços cruzados no sopé da cama, olhando fixamente para Bernardo. Ao perceber que o garoto lhe viu, o rapaz ri e entra debaixo da cama.
Bernardo ficou completamente imóvel desde o instante em que fitou o rapaz. Assim que este foi embora, reuniu coragem suficiente para agir, embora seus músculos quisessem ficar parados. Gritou, o mais alto que pôde, um escandaloso "Paaaai!", que ecoou pelos quatro cantos da casa. Seu pai chegou em um pulo, esbaforidos, com o corpo todo tremido devido ao susto.
- O que foi, Bernardo? O que aconteceu? – perguntou o pai
- Tem um monstro debaixo da cama. Tem um monstro debaixo da cama. Eu vi. Eu vi. – gritou o filho, com muito medo. Levantou-se da cama e correu para os braços do pai, que lhe abraçou.
- Não tem monstro nenhum no seu quarto, Bernardo. – disse o pai, tentando se recuperar do susto. Olhou rapidamente o quarto, à procura de algo diferente.
- Eu vi. Eu tenho certeza. Estava parado na cama me olhando, quando eu liguei a luz. Depois, ele entrou para debaixo da cama. – disse o garoto, enquanto lacrimava generosamente.
O pai para ao lado da cama, ajoelha-se e abaixa o corpo, a fim de olhar o que estava debaixo do móvel. Não havia nada. Levantou-se.
- Não tem nada aqui. O que quer que seja o que você viu, foi embora. – disse o pai. Olhou novamente o quarto. Foi em direção ao guardarroupa, que ocupava a outra parede do cômodo. – E como era esse "monstro"?
- E...Ele era negro e usava um gorro vermelho na cabeça.
Aquilo chamou a atenção do pai.
- Você andou lendo a respeito do Saci antes de ir dormir, não foi? – perguntou, virando-se para o filho
- Não, pai.
- Mas você viu o alvoroço que está a internet sobre a suposta aparição do Saci aqui na cidade, não viu?
- Vi.
- Então é isso. – disse o pai, abaixando-se ao lado do filho. Puxou-o para si, olhando-o nos olhos. – Você viu na internet e ficou impressionado. Não tem como ninguém entrar aqui em casa sem nos ver. Espera aí que vou te trazer um copo de água para você se acalmar. – disse. Bernardo meneia a cabeça. O pai levantou-se e saiu alguns segundos do quarto, retornando em seguida com um copo cheio em mãos.
- Toma. – disse – Beba.
O filho pegou o copo de água e o virou, bebendo todo o seu conteúdo em poucos segundos. Enquanto isso, o pai atravessou o quarto e foi em direção à janela aberta ao lado da cabeceira da cama.
- E deixa eu fechar essa janela porque vai acabar entrando um bicho. – disse, antes de fechar. Em seguida, retorna para seu filho.
- Saci não existe, meu filho. Essa é uma lenda que nossos avôs contavam para os filhos ficarem dentro de casa no Dia das Bruxas, para não saírem pedindo bala nas outras casas e incomodassem os vizinhos. Não tem nada de real nisso. Agora, vai dormir que iremos acordar cedo.
- Está bem, papai. – disse um Bernardo mais calmo.
O pai fica ao lado da cama enquanto Bernardo se arrumava para voltar a dormir. O garoto deitou e se enrolou na coberta.
- Seu quarto está quente. Vou ligar o ventilador para refrescar.
O ventilador, localizado no teto, pouco a pouco, começar a se ventilar.
- Cubra direito, para não se resfriar. Boa noite. – disse o pai, enquanto arrumava a coberta do filho e antes de lhe dar um beijo de boa noite na testa. Passou pela porta e, antes de sair, apertou um interruptor, que fez o ventilador, localizado no teto, começar a girar. Em seguida, disse, antes de apagar a luz e fechar a porta.
- Boa noite, campeão.
- Boa noite, pai.
Bernardo estava mais calmo – fruto da água com açúcar dada por seu pai -, além de estar com bem menos calor. Não se agitava mais na cama e estava prestes a adormecer. Todavia, quando já estava pegando no sono, escutou um pequeno e rápido bater de uma porta do guardarroupa.
No mesmo instante, abriu os olhos. Esperou alguns segundos para analisar se o som iria se repetir. Não se repetiu. Fechou novamente os olhos. Entretanto, seu coração começou a voltar a acelerar dentro do peito. Já não estava tão calmo quanto antes e começava a ficar inquieto.
Pouco a pouco, contudo, o rapaz foi voltando ao normal. Começava a quietar-se. Estava voltando à paz de antes quando, de repente, ouviu uma pequena risada dentro do quarto, próximo a seu rosto. Abriu os olhos de sobressalto e girou o corpo rapidamente para apertar o interruptor ao seu lado. Em poucos segundos, a luz do cômodo iluminou o ambiente. Entretanto, nada havia à sua frente, nem no quarto. Saltou da cama e caiu no chão, ajoelhando-se em seguida e abaixando o corpo para fitar o que havia debaixo de sua cama. Nada havia. Correu em direção ao guardarroupa e abriu porta por porta. Igualmente nada havia.
- O que será que foi isso? Será que foi o tal do Saci? – se perguntou. Queria saber mais, queria entender o que estava acontecendo, mas seu corpo era demasiadamente cansado e não conseguia forças para nada. Queria apenas deitar e dormir. Pensou que tudo aquilo era fruto de sua imaginação, devido ao medo que estava sentindo. Esqueceu tudo e foi-se deitar, na tentativa de adormecer.
Dessa vez, foi um pouco mais difícil para Bernardo adormeceu. Já começava a ficar sismado com os barulhos e acabava por não conseguir relaxar. Começou a rolar na cama como antes, virando de um lado para outro em intervalos regulares.
Vinte minutos haviam se passado e Bernardo continuava irrequieto sobre a cama. Apesar do ventilador ligado, estava suando. Repentinamente, eis que escuta barulhos de panela caindo no chão, vindos da cozinha, do outro lado do corredor. Levantou-se assustado e ligou a luz correndo, sentando na cama. Em seguida, saiu da cama e correu em direção à porta. Abriu-a e colocou a cabeça para fora do quarto.
- Bernardo! – gritou seu pai. O grito veio à direita, em uma porta à esquerda, dentre as três que ocupavam o final do corredor. – Vai dormir. Larga as panelas!
- Mas pai... não fui eu...
- Bernardo. Sossega, que amanhã a gente vai acordar cedo. Volta pra cama. Anda...
- Mas... pai...
- Bernardo. Não me fala levantar.
- Tá bom, pai...
Bernardo fechou a porta e voltou para o interior do quarto, cabisbaixo. Voltou para a cama e tentou dormir. Queria dormir. Mas não conseguia. Estava intrigado com todos aqueles barulhos. Poderiam estes serem até irreais, mas a visão do rapaz não era e Bernardo tinha certeza disso. Levantou-se, evitando fazer barulho e caminhou no completo escuro em direção à cômoda, que se encontrava ao lado da porta. Foi-se guiando pelas mãos, que balançavam à sua frente. Encontrou-se com a cômoda e esticou os braços a fim de pegar o seu celular, que estava do lado esquerdo da televisão.
Naquele instante, sentiu uma pesada mão pousando sobre a sua. Em seguida, ouviu novamente a risada, logo atrás de sua nuca, ao lado do ouvido direito. Estava tão perto que Bernardo pôde sentir a sua respiração acertando seu pescoço.
O garoto sentiu um frio subir por sobre sua espinha, que paralisou-lhe de medo e congelou-lhe o corpo. A mão pousada sobre a sua não saía de lá e começou a se fechar, apertando seus minúsculos dedos. Bernardo começou a sentir dor, onde começou a se mexer na tentativa de se desvencilhar do agressor. Não conseguiu êxito e o aperto e a dor só foram piorando.
Desesperado, Bernardo joga o corpo para trás com toda força, acertando em algo, que cai no chão e solta sua mão. Correu em direção ao interruptor e acendeu a luz. Desesperou-se. O rapaz estava parado à sua frente.
Naquele instante, Bernardo visualizou por completo o rapaz. Estava com o gorro vermelho na cabeça e sem camisa. Usava apenas uma bermuda avermelhada, um cachimbo na boca e não tinha a perna direita. Bernardo sobressaltou-se a tal ponto que arregalou os olhos.
O monstro, ao fitar Bernardo, riu. O garoto, sem perder tempo, saiu correndo para fora do quarto. "Papai, papai, papai", gritava, enquanto corria. Correu tropeçando pela casa, desembocando primeiramente em um corredor. Virou-se para a direita e continuou sua corrida, sem olhar para trás. Neste instante, sentiu um forte vento vindo de detrás de si lhe passar, durante alguns segundos. Não entendeu o motivo de haver vento, haja vista que a casa inteira se encontrava fechada, mas não iria se preocupar com aquilo naquele instante.
Continuou sua corrida, virando para a esquerda, frontalmente a uma porta e a abriu. Adentrou no cômodo e apertou, o mais rápido que pôde, o interruptor, inundando o quarto com a luz.
Era um espaçoso quarto, com uma cama de casal no centro, um rack com uma televisão de 42´ à sua frente, um guardarroupa à esquerda e uma mesa com computador à direita, à frente da porta. Bernardo estarreceu-se e novamente congelou. O monstro estava à sua frente, sobre a cama, com um maléfico sorriso no rosto, ao lado de seu pai.
- O que...?! – perguntou, estupefato
O rapaz ri, sendo que seu maléfico riso ecoa por todos os cantos do quarto. Este mostra que está portando na mão direita uma faca e a ergue no ar, segurando-a com as duas mãos.
- Não! – gritou Bernardo. Este grito acabou por acordar seu pai, ainda meio sonolento.
- O que...?! – murmurou o pai.
- Sai daí, pai. – gritou Bernardo, sem tirar o foco do monstro
- O que...?! – perguntou Lauro. Olhou para a porta e fitou seu filho parado no local, olhando fixamente para algo atrás dele. Acordou por completo, perdendo a consciência. Virou o corpo para trás. Visualizou o monstro parado, em pé, atrás de si, com uma faca apontada em sua direção. – Que...?!
Entretanto, não teve tempo. O monstro desceu a faca em sua direção com toda força e velocidade, cravando-a em seu pescoço. Bernardo soltou um grito seco e paralisou-se no mesmo instante. Seu pai ainda tentou exprimir alguma reação, mas logo sua vida se esvaiu de seu corpo, devido a inúmeras facadas que tomou.
O monstro se sujou de sangue, enquanto fez uma poça sobre os lençóis. Olhou para Bernardo, retirando-o de sua paralisação. Soltou um pequeno riso diabólico e apontou a faca em direção ao garoto. Em seguida, saltou, caindo no chão no pé da cama.
Essa foi a gota d´água para Bernardo, que postou-se a correr para fora do quarto. Adentrou no interior do corredor e acelerou os passos em direção ao outro lado. Sentiu novamente um vento passar por si, mas novamente não deu importante. Chegou do outro lado do corredor o mais rápido que pôde, entrando no interior de uma cozinha, após ultrapassar várias portas laterais.
Virou-se para a esquerda, a fim de passar no espaço compreendido entre o balcão e a parede e adentrar na copa, adjacente à cozinha. Naquele instante, sobressaltou-se novamente. Fitou o monstro parado na porta de madeira do outro lado da copa, com seu inconfundível sorriso diabólico nos lábios.
De inopino, Bernardo olhou para trás. Nada viu além do corredor inundado na escuridão. Pensou em voltar e tentar sair para outro lado, mas sabia que o monstro apareceria por lá. Não sabia como, mas o monstro tinha feitiço para se teletransportar, ou algo assim.
Lembrou-se das horrendas histórias do Saci que o pai de seu avô contava, já nonagenário. Conta o sábio idoso que, em tempos antigos, um monstro de pele negra, usando somente bermuda e gorro vermelho, um cachimbo e faltando-lhe uma perna atormentava os moradores da pequena e histórica Larital e que o mesmo invadia casas no dia 31 de outubro com portas e janelas esquecidas ou deixadas abertas para roubar meninos, como ato de vingança por ter sido dedurado por um menino quando ainda era escravo e fugia das mãos de seu dono, tendo sido recapturado e apanhado até a morte.
Todavia, nunca imaginou que aquela pesada história que seu bisavô lhe contava até dois anos atrás – quando o mesmo falecera – fosse verdade. Sua mãe mesmo, quando também ainda era viva, lhe proibira de ouvir tais histórias, já que somente piorava o seu estado de insônia e a mesma também, ao que tudo indicava, não acreditava na veracidade dos contos narrados pelo idoso.
Porém, naquele instante, com seu pai falecido a golpes de faca e o monstro lhe impedindo de sair, Bernardo sabia que a história era real. E precisava agir para não ter o mesmo destino que seu pai. Lembrou-se de que se encontrava na cozinha. Saiu correndo em disparada para o interior da cozinha, contornando a mesa central o mais rápido que pôde e chegando nas gavetas da pia, no canto oposto à porta.
No exato momento em que Bernardo voltou a se mexer, o monstro lhe copiou. Saltitou rapidamente em direção à cozinha, ainda com o sorriso no rosto e a arma em punhos. O garoto abriu todas as vezes da pia o mais rápido que conseguiu até achar uma enorme faca guardada ao fundo, escondida sobre outros utensílios – uma tentativa frustrada de seu pai de lhe proteger de possíveis acidentes, mas que acabou por salvar sua vida naquele instante.
Bernardo pegou a arma e a ficou em punhos, segurando à sua frente com os dois braços. Tremia inconsumeravelmente, principalmente porque avistou o monstro ao lado do balcão. Engoliu em seco. O monstro parou e sorriu. Em seguida, jogou a faca no chão. Bernardo surpreendeu-se e estranhou a atitude do inimigo. Baixou a guarda durante alguns segundos, mas logo voltou ao normal.
O monstro sorriu novamente e retirou o capuz. Bernardo ficou na defensiva. Em seguida, enfiou a mão lá dentro e jogou um pó brilhoso no ar. O garoto estranhou e tentou se proteger. Todavia, acabou por aspirar o ar, que rapidamente lhe retirou toda a consciência, caindo em um só baque no interior da cozinha e deixando a faca cair próxima de si.
O Saci caminhou em direção ao garoto e fitou durante alguns segundos. Sorriu. Em seguida, puxou-o pelo colarinho e saiu andando pelo interior da casa, em direção à porta da copa, assobiando.

14/06/2017

Brincando com os mortos Contos de terror

Brincando com os mortos




Em uma noite iluminada por uma lua minguante num céu sem estrelas, quatro jovens resolvem fazer o famoso "jogo do copo". 

Reúnem-se na casa do mais velho, o líder da turma. Depois de uma oração em tom de brincadeira, começa a sessão de perguntas para o pseudo-espírito na mesa. 

- Qual o seu nome? Pergunta uma das meninas da turma. 

O copo se move para as letras formando a palavra P-A-L-H-A-Ç-O. Todos ficam assustados com o movimento, mas acham estranho que tenha se formado essa combinação. Exceto o líder da turma, que solta uma gargalhada quando a palavra é formada. 

- O que você quer? Pergunta o segundo jovem: 

P - U - M. É a palavra que aparece no tabuleiro. O jovem líder cai na gargalhada, solta o copo e sai de perto do tabuleiro: 

- Essa brincadeira é cretina, estúpida. Fui eu quem fez o copo se mexer. Viram como isso não funciona? 

- Cuidado. Não fique brincando com essas coisas. Você pode ser castigado - Retruca a pequena jovem. 

Todos vão embora da casa do rapaz, indignados coma brincadeira sem graça do amigo. Como já era tarde, ele se prepara para dormir. Entra em seu quarto, deita em sua cama e começa uma oração. No meio de sua prece, ele sente uma dor muito forte no peito. Seu pijama azul tem uma mancha escura e que vai aumentando. O jovem coloca a mão na boca para conter um grito, mas percebe que sua boca também está sangrando. Seu nariz pinga mais sangue ainda, marcando o chão com poças avermelhadas. 

Desesperado, ele vai ao quarto de seus pais e os encontram enforcados, pendurados no lustre sobre a cama, movimentando seus braços em busca do corpo do rapaz. Os gritos e palavras mórbidas ecoam por toda a casa: 

- Maldito. Porquê você fez isso? 

O jovem corre para fora de casa e bate na porta da casa de seus amigos. Ninguém atende. Seus gritos misturados com suas lágrimas pintam seu rosto de vermelho. 

Cansado de gritar, ele fica em silêncio, mas ouve algumas gargalhadas. Tentando descobrir de onde vem as vozes, ele corre em direção ao som, e percebe que saem da garagem de sua própria casa. 

Ao abrir a porta, ele se depara com uma cena macabra: Seus três amigos, sentados no chão, fazendo o jogo do copo. As gargalhadas eram assustadores, como crianças que se divertem com um brinquedo novo. Chegando mais perto, o jovem percebe que o copo se movia sozinho, sem nenhum dedo no tabuleiro. O copo fazia movimentos repetitivos para as palavras P-A-L-H-A-Ç-O. Movimentos cada vez mais rápidos formavam a palavra P-A-L-H-A-Ç-O, P-A-L-H-A-Ç-O, P-A-L-H-A-Ç-O, até que o copo explode. 

Assustado, suado e com muito medo, o jovem acorda. Sim, foi um sonho. Ele olha a sua volta e não há sangue. O silêncio reina pela casa. Mais calmo, ele vai até o banheiro, onde tem uma surpresa ao se olhar no espelho: Seus olhos e sua boca, vermelhos de sangue, formam uma pintura de palhaço. Mesmo jogando água em sua face, a mancha não sai. Em um ato de desespero, o rapaz corre para o quarto dos pais. Quando ele abre a porta, encontra seu pai de pé, em frente à porta com uma arma na mão. Antes que ele pudesse pronunciar qualquer palavra, um único som toma conta de toda a casa: P-U-M. 

No dia seguinte, todos os seus amigos vão ao velório de seu colega: O jovem palhaço que morreu com um tiro na cabeça.

Desabafo de uma alma perturbada Lenda de terror

Desabafo de uma alma perturbada




Definitivamente não acredito em espiritos. Acredito em fantasmas. Pode parecer estranho, mas deixe-me contar minha história para que possa me entender... antes que eles cheguem. 

Amanheceu um dia lindo de sol. Abri a janela, respirei fundo e... ouvi dois tiros. Me abaixei rapidamente. Fiquei trêmulo. Permaneci imóvel por uns cinco minutos, de olhos fechados e tapando os ouvidos. Quando abri os olhos, ele estava lá. Olhando para mim com seu rosto pálido e assustador. 

Tudo começou nesse dia. Minha mãe voltou correndo para casa para ver se eu estava bem. Disse que um homem tentou assaltar uma moça. O bandido acabou assassinando a jovem e seu filho de dez anos. 

Todos os dias ele está ao meu lado. Seu nome era Robson e, como eu já disse, tinha dez anos. Nunca mais dormi uma noite completa de sono depois daqueles dois tiros. Robson fica todas as noites de pé, ao lado da minha cama, me olhando. Ele não fala nada, mas faz muito barulho. Ele bate as portas do guarda roupa, acende as luzes do quarto e espalha minhas roupas. 

Já falei com minha mãe sobre ele, mas ela acha que estou inventando desculpas para minha bagunça. 

Meu tormento tornou-se maior quando Robson começou a tentar se comunicar comigo. Um dia ele rasgou uma foto dos meus pais ao meio, separando-os. Chorei de raiva e de desespero, mas ele não entendia. Seus olhos ficaram vermelhos de ódio e de sua boca saia um líquido espumoso, que manchava o carpete de casa. Ele avançou contra meu pescoço, mas minha mãe chegou a tempo e ele desapareceu antes que ela o visse. Em outra ocasião, ele pegou a metade da foto com minha mãe e tentou colocar fogo. Por muito pouco não causa um incêndio em meu quarto. 

Certa noite, acordei com um som metálico batendo nos móveis. Quando pude perceber, Robson estava de pé, ao lado da minha cama, apontando uma arma para minha cabeça. Não tive tempo de pensar. Ele apertou o gatilho sete vezes e desapareceu. A pistola caiu no chão. Por sorte, não havia munição na arma. 

Resolvi mostrar para meus pais a arma e tentar contar o que aconteceu. Durante o café da manhã, mostrei a arma para eles. Minha mãe ficou apavorada. Deixou cair a xícara de café que tomava. Meu pai, um pouco mais calmo, me perguntou onde peguei a arma. Eu apenas disse: 

- Uma criança, chamada Robson me deu. 

Dessa vez foi meu pai quem ficou nervoso. Suas mãos tremiam sobre as migalhas de pão. Ele me pediu a arma, deixou-a sobre a mesa e disse já com lágrimas nos olhos: 

- Preciso contar uma coisa a vocês. Essa criança, o Robson, que te acompanha, é seu irmão. Ele era filho daquela moça que morreu há alguns meses atrás. Eu traí sua mãe, meu filho, e voltei a traí-la há algum tempo atrás, até que o destino acabou com a traição da pior forma possível. Não consigo mais esconder isso. Essa criança me perturba todas as noites. Não posso mais conviver com isso. Peço perdão, minha querid... 

Antes de terminar a frase, minha mãe já havia enviado a faca de pão pelo pescoço do meu pai. 

- Pensa que não sei, seu desgraçado? Fui eu quem pegou a arma e matou aquela vagabunda e o pivete que você teve com ela! Não agüentava mais isso! Eu precisava por um fim nisso! E hoje eu o farei! 

Minha mãe passou a faca nos olhos do papai. Ele tentava gritar, mas o sangue que escorria de sua garganta o impedia de fazer qualquer movimento. Ela mordia suas orelhas, arrancando pedaço por pedaço da carne de seu rosto. Não eram mais meus pais. Eram dois demônios encarnados em pessoas. Corri para meu quarto e me tranquei. Lá, encontrei Robson segurando três cartuchos de munição para a arma. Não tive dúvida: Corri para a cozinha, peguei a arma, carreguei-a e atirei nas costas da minha mãe. 

A polícia chegou ao local e não teve dúvidas: Matei meus pais. Hoje vivo trancado aqui no hospital psiquiátrico de Natal. Longe de tudo, da família que me resta, dos amigos e da sanidade mental que eu tinha antes. 

Tenho que encerrar essa história por aqui. Meu pai está aqui do meu lado e me pede para que eu seja breve, pois eles já sabem onde eu estou. Robson e minha mãe estão ai com você, parados do seu lado direito lendo minhas palavras. 

Adeus